vivo num território
povoado de meus demônios.
por muito tempo
entendi-os fantasmas,
mas errava.
são demônios.
não assombram nem gemem,
mas causam medo e pânico.
covarde, nunca lhes perguntei
o que faziam por ali. talvez
não quisesse saber, por
já estar acostumado.
a questão é que demônios existem,
ensinaram os filmes de terror,
e nem sempre têm o bom senso
de não se demorarem.
e fico, refém desarmado
— já que nunca me deram armas —,
a conviver com meus demônios.
não os quero, e o problema talvez seja
justamente achar que querer muda alguma coisa.
o real não deve nada às expectativas que faço dele,
e os demônios não estão lá só por sempre terem estado.
cumprem uma função.
e eu cumpro a de não os querer.
exercício inútil.