segunda-feira, 25 de novembro de 2024

finalmente encontrei.
dizem que os monstros rapidamente morrem
quando têm nomes. sei o nome do meu:
nasci sem pele.

enquanto me querem 
vestido; enquanto me querem
coberto,
nasci sem pele.

grande dúvida da natureza,
e para meu próprio espanto,
hoje entendo:
nasci sem pele.

ao incômodo da ciência e da medicina,
me oferecem escamas, couros, outras peles. mas
nasci sem pele. 

bobagem! se tentam
me vestir; se tentam
me cobrir, lembro que
nasci sem pele.

não tenho
começo; não tenho
fim: dissolvo-me na terra.
nasci sem pele.

para o inconformismo da ordem, não vivo
sem. transbordo-me em não ter bordas.
quem quer a pele não sou eu. querem-na 
por mim. afinal, 
nasci sem pele.

a mim nada falta. porque 
vivo. se aos olhos do mundo vivo sem pele,
é porque o mundo agarra-se em ter peles. 
de minha parte, simplesmente
nasci sem pele.

não padeço. não me troco.
sigo a vida a não reconhecer bordas. isso porque
apenas nasci.
sem pele.


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