quarta-feira, 6 de novembro de 2024

da redoma que mata e não protege

como é possível?

justo eu, que tanto louvei
os pássaros,
as aranhas,
e até as pragas,
estranhar que a rosa do deserto
seja triste em redoma.

hoje mantenho minha rosa do deserto,
veja o crime,
ensimesmada por dentro de tela mosquiteira.
não há mais pássaros.
não há mais aranhas.
não há mais pragas.

também não há mais flores. 
quem diria. 
quer dizer então que as flores só são possíveis
quando abertas à vida?

ora, coração. não faça perguntas idiotas.
não finja espanto, diante do eternamente óbvio.

se há vida, e queira o acaso que haja,
é por obra da abertura.
o fechar-se é morrer, sem ser esquecido.
e só morre de fato o que se esquece.

Nenhum comentário:

Postar um comentário