dentes por menos
tenho um buraco
guardado no fundo de minha
bocaalma
este buraco é escolha minha
- diante de um cenário sem escolhas
- é certo
é
ainda assim
produto de um procedimento
de violência externa internalizada
mas
não me engano
este buraco é meu
é lá que guardo
pelo tempo que parece cabido
tudo aquilo que não engulo
nem cuspo
certa feita
de tanto não engolir ou cuspir
precisei buscar ajuda
o transbordamento do buraco
quem diria
é mais problemático
que o ato de engolir
ou cuspir
a bolsa jugal
afinal
tem limites
não que seja simples identificar quais sejam
por óbvio
mas eles existem
e foi
então
procurando ajuda
que recebi uma das tarefas mais difíceis de minha vida
esvaziar
por conta própria e sistematicamente
meu buraco
com seringa
agulha sem ponta
água ou enxaguante
um tanto de luz
e um espelho
devo (re)mover tudo aquilo que não engoli
ou cuspi
e quando aquilo que não engoli
ou cuspi
sai do meu buraco
transbordado em água ou enxaguante
deparo-me com uma escolha
devo
finalmente
engolir ou cuspir
curiosamente
esta escolha parece tão corriqueira que até aqui não refleti sobre seu significado
sem pestanejar
simplesmente cuspo
simplesmente ponho para fora
simplesmente expulso
simplesmente expurgo
simplesmente exorcizo
aquilo que não engulo
não engulo porque não quero
não engulo porque não posso
não engulo porque não me contempla
não engulo porque não basta
não engulo porque não é meu
aquilo que cuspo
ó seringa
- dúbia arma de injeção e retirada
ó agulha sem ponta
- para tornar a arma perigosa na medida certa
- sem excessos ou danos colaterais
ó água ou enxaguante
- meio pelo qual o transbordamento pode acontecer
ó um tanto de luz
- lembro neste momento que os buracos são
- por princípio
- escuros
ó espelho
- porque nenhum problema é resolvido
- sem que olhe
-- -- talvez longamente
- paramim mesmo o espelho
Oxalá meu buraco
guardado no fundo de minha
boca
este buraco é escolha minha
- diante de um cenário sem escolhas
- é certo
é
ainda assim
produto de um procedimento
de violência externa internalizada
mas
não me engano
este buraco é meu
é lá que guardo
pelo tempo que parece cabido
tudo aquilo que não engulo
nem cuspo
certa feita
de tanto não engolir ou cuspir
precisei buscar ajuda
o transbordamento do buraco
quem diria
é mais problemático
que o ato de engolir
ou cuspir
a bolsa jugal
afinal
tem limites
não que seja simples identificar quais sejam
por óbvio
mas eles existem
e foi
então
procurando ajuda
que recebi uma das tarefas mais difíceis de minha vida
esvaziar
por conta própria e sistematicamente
meu buraco
com seringa
agulha sem ponta
água ou enxaguante
um tanto de luz
e um espelho
devo (re)mover tudo aquilo que não engoli
ou cuspi
e quando aquilo que não engoli
ou cuspi
sai do meu buraco
transbordado em água ou enxaguante
deparo-me com uma escolha
devo
finalmente
engolir ou cuspir
curiosamente
esta escolha parece tão corriqueira que até aqui não refleti sobre seu significado
sem pestanejar
simplesmente cuspo
simplesmente ponho para fora
simplesmente expulso
simplesmente expurgo
simplesmente exorcizo
aquilo que não engulo
não engulo porque não quero
não engulo porque não posso
não engulo porque não me contempla
não engulo porque não basta
não engulo porque não é meu
aquilo que cuspo
ó seringa
- dúbia arma de injeção e retirada
ó agulha sem ponta
- para tornar a arma perigosa na medida certa
- sem excessos ou danos colaterais
ó água ou enxaguante
- meio pelo qual o transbordamento pode acontecer
ó um tanto de luz
- lembro neste momento que os buracos são
- por princípio
- escuros
ó espelho
- porque nenhum problema é resolvido
- sem que olhe
-- -- talvez longamente
- para
Oxalá meu buraco
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