quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Enciclopédia

Há coisas que não entendo, nem quero.

"Melhor vida é a vida
Que dura sem medir-se."
Ricardo Reis

Dorme, criança. Dorme.
Agora é hora de dormir.

Do dia não nos sobra,
não nos resta,
não nos fica(!)
n  a   d    a.

Dorme, criança. Dorme.
Antes que durmas, brinca.

Brinca sem entender,
brinca até por brincar,
brinca por viver.
E sê.

Dorme, criança. Dorme.
A única certeza, dizem, é o sono.

Por que contas, culta (ignobil)
criança? Tua natureza fez-te
ao brincar, ao rolar, ao pular.
Pula, pela alegria dos santos!

Dorme, criança. Dorme.
A noite espreita, mesmo ao amanhecer.

Dormir é preciso. Mas não durmas procurando
a alegria no mapa, criança! Olha-te e, sem que penses,
sê feliz: ontem, antes que o hoje parta.
Para de procurar! Sê, sê rápido!

Criança dorme. O velho fechou os olhos
tristes. E todas choram.
E a alegria continua esperando:
quente;
viva;
prazerosa,
no fundo das crianças cultas (bestas).

Até, é claro, que durmam procurando.

Um comentário:

  1. Vou comentar meu próprio poema, pode?

    Só queria contar uma coisa:
    Nunca chorei tanto enquanto escrevia um, como nesse...

    ResponderExcluir