segunda-feira, 12 de julho de 2010

dormir

O Sol já não corta as ruas
de São Paulo, há 8 horas.
É inverno, isso dá mais que meia-noite.

Por onde vejo, prédios dormem,
apagados. Mas há espanto! Uma luz
acorda.

...

Por quê?
O andar é ansioso esperando a volta do filho?
O correr é assustado pelo filho que está nascendo?
O pai morreu?
O sexo acabou, hora do lanchinho?
O insone denuncia a loucura da rotina?
O festejar cansou, hora de cama?
Não sei, mas questiono.

E a luz ao lado, que ainda dorme?
Se sonha, sonha como?
Se não sonha, por quê espera?
Se há vida, como pode a luz dormir?
Se não dorme, será que está morta?
Não sei, mas indago.

E a noite corre.
E a imaginação corre.
E histórias são narradas na escuridão iluminada do sono dos prédios.

...

Há tanta poesia na noite de São Paulo,
mas tanta mesmo, que nem adianta tentar
escrever mais sobre isso. Quanto mais buscar,
menos terei feito.

Um comentário:

  1. Belíssimo,Dani!
    Estou boquiaberta aqui!Como sempre você detona!

    Recordei das madrugadas em que a insônia me pegava de jeito e que ficava horas e horas na janela a imaginar o que as pessoas faziam em suas casas - ao ver luzes, ao ver nada...

    E é.Você tem razão: "Há tanta poesia na noite de São Paulo". E nem é tanto de determinada pessoa que mais tenho sentido falta, mas sim de toda essa poesia. Toda Magia. Isso sim!

    Saudações!

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