quinta-feira, 3 de outubro de 2024

onde produzo múltiplos 
de vida e de possíveis 
declaram-me bífido.

romper a língua por dentro,
romper a escola por dentro,
romper a igreja por qualquer canto,
romper o gênero por fora. 

seriam sintomas de um corpo,
ou potências manifestas de um todo?

tomo meu remédio,
sinto-me bem. pergunto se é isso
que cabe, enquanto fazemos
morada em meio
às chamas do inferno.

corpo dócil, corpo potente,
corpo possível, corpo de(s)cente.

dói a garganta não 
saber falar; vejo com órteses; não 
processo leite; uso 
palmilha ortopédica; uso
aparelho. e,
agora, remédios.

terminar o doutorado é preciso;
viver não é preciso;
trabalhar é preciso;
produzir tempo de lazer não é preciso; 
fazer arte é impreciso.

de que serve a arte?
de que serve perguntar
de que serve a arte?

poemar os prazeres, as dores.
e os outros. porque não 
aceito os pólos.

tomo meus remédios. deus,
quantos remédios. 
subjetivado paciente.
logo eu, tão impaciente.

organizar a raiva, celebrar
as alegrias, e produzir outros.
outros mim, outros remédios,
outros possíveis, outros lugares,
outros poemas, outras peles,
outros afetos. outras vidas outras.

porque a vida é sempre, e
necessariamente, o
entre. a ponte. o meio.

as polaridades são ficções, sempre disse e 
afirmo. 

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