de vida e de possíveis
declaram-me bífido.
romper a língua por dentro,
romper a escola por dentro,
romper a igreja por qualquer canto,
romper o gênero por fora.
seriam sintomas de um corpo,
ou potências manifestas de um todo?
tomo meu remédio,
sinto-me bem. pergunto se é isso
que cabe, enquanto fazemos
morada em meio
às chamas do inferno.
corpo dócil, corpo potente,
corpo possível, corpo de(s)cente.
dói a garganta não
saber falar; vejo com órteses; não
processo leite; uso
palmilha ortopédica; uso
aparelho. e,
agora, remédios.
terminar o doutorado é preciso;
viver não é preciso;
trabalhar é preciso;
produzir tempo de lazer não é preciso;
fazer arte é impreciso.
de que serve a arte?
de que serve perguntar
de que serve a arte?
poemar os prazeres, as dores.
e os outros. porque não
aceito os pólos.
tomo meus remédios. deus,
quantos remédios.
subjetivado paciente.
logo eu, tão impaciente.
organizar a raiva, celebrar
as alegrias, e produzir outros.
outros mim, outros remédios,
outros possíveis, outros lugares,
outros poemas, outras peles,
outros afetos. outras vidas outras.
porque a vida é sempre, e
necessariamente, o
entre. a ponte. o meio.
as polaridades são ficções, sempre disse e
afirmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário