acordo assustado
de uma noite de pavor imenso.
então não foi verdade!
nada daquilo foi verdade!
a verdade é que estou no zoológico,
como tantas vezes(!),
a ver meu filho correndo para seus abraços!
não há mais pavor algum,
foi tudo mentira!
estamos no sofá, e ele escorrega
em sua barriga.
jamais existirá, e só eu sei,
(e só eu sei)
escorregador melhor.
que aventura!
mentira!
à mesa, você na ponta e com guardanapos, é claro,
corta o pão - dos mais moreninhos - em forma de dedinhos para ele.
o melhor quitute que se pode degustar, não há dúvidas.
(será que já começou o desenho do bibo pai e bobi filho?)
não pode ter sido verdade!
de mãos dadas passeamos, que alívio,
pelo centro de São Paulo. Foi ali que você trabalhou aquela vez, não foi?
e você conta para ele a mesma história que ouvi tantas vezes,
e não canso.
que pesadelo horrível!
na oficina brincamos e criamos,
e confiamos a ele, mesmo pequeno,
o martelo e a bigorna. talvez se machuque,
mas você está ao lado para recomendar cuidado
e levá-lo ao tanque para lavar suas mãos.
quanta calma sinto agora!
todo o torpor da pior noite da vida passa
ao ver a realidade da única falta, agora realizada:
você nina meu filho, e o coloca no berço, que fica em seu quarto.
dormirá a melhor noite de sono de sua vida
(ainda mais se fizer xixi e precisar, maravilhoso prazer,
dormir ao seu lado).
_________________________________________________
e acordo. e a noite é verdade.
e o pesadelo segue.
e sou grato por tudo.
e lamento (como lamento!) ter sido impotente diante de seu pedido.
e lamento
especialmente
não ter visto meu filho em seus braços.
_________________________________________________
se existe céu
(queira deus que exista)
o seu é uma oficina (com paçocas e pães de torresmo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário