quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

arqueologia

vestígio
um rastro e um desejo
um cheiro
os gibis e o jornal

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é no armário que procuro
dinossauro
documentado e narrado
e tão pouco experimentado

o macio das roupas
a dureza da madeira
o cheiro
ah, o cheiro

e o escuro
de quem não vê
(fecho a porta)
especialmente no claro do dia
de quem não vê
por não haver o quê

à noite, a leitura
(hoje perdida
em favor dos vídeos de youtube)
mas nunca a presença
talvez insuportada
talvez dolorida
talvez ignorada
talvez comida
talvez
boa noite. e a leitura

o carimbo
brinquedo
que vestigia
mais uma vez
haver presença(s)
quantos carimbos
meu deus
quantos carimbos
sempre juntos a porta, para a rápida e rotineira fuga

injustiça da vida
há tanto papel
há tanto carimbo
há tanto rastro
e não há dinossauro

no calor do armário escuro
a força de uma banheira derrubada
e do acidente evitado

na posição do armário escuro
o tempo de penico
compartilhado
em tempos imemoriados

e no vazio do armário escuro
a solidão de buscar
vestígios

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maldito anel guardado na gaveta de meias
como te odeio, anel guardado na gaveta de meias
porque não eu, maldito anel, guardado na gaveta de meias
por quê?

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