segunda-feira, 14 de março de 2011

sobre o jogo perto do lago

Existe um menino perto da lagoa.
Ele mora por ali.
Não sinta pena, não sinta nada.
Ele mora por ali porque quis.

Esse menino gosta de jogar.
Mas não é qualquer tipo de jogo.
Ele joga só o jogo de jogar o corpo inteiro.
Foi assim que aprendeu a brincar.

Ele tem bem uns 7 anos, talvez um pouco mais .
Desconsideremos, entretanto, sua pouca idade: ele tem um problema de gente grande.
Tanto jogou o corpo inteiro, que esqueceu que a alma e o coração estão no corpo.
E ele não entende o perigo que essa parte do jogo trás.

Às vezes, é verdade, ele joga bem.
Joga no lugar certo, e lá tem alguém pra segurar.
Quando acontece a segurança, que delícia.
É da alegria dessa seguridade que nasce tudo de bom do mundo.

Mas, não nos enganemos, outras vezes ele erra.
Joga no lugar que parece certo, mas não é.
PA!
E o menino morre um pouco (não de corpo. Só de alma e coração).

Quando isso acontece, ele volta pro lago.
Lá tudo é bonito (tem até uns barquinhos: brancos e diferentes de tudo).
Lá ele guarda as alegrias das seguridades acertadas.
Mas isso não revive a parte morta do menino.

E o menino não desiste.
Ele sempre joga de novo esse jogo de jogar tudo de si.
E sempre acha que vai acertar.
E nem sempre acerta.

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"E eu com isso?", você deve estar se perguntando.
Bem, se o menino errar mais muitas vezes, ele vai morrer.
E tudo de bom no mundo pode acabar junto dele.
E isso seria um problema.

"Bom, então fala pra ele parar!", você deve ter pensado.
Mas, aí, tem outro problema.
Se ele nunca mais jogar e acertar, nunca mais teremos coisas boas novas no mundo.
E as coisas boas, depois de um tempo, podem ir ficando ruins.

"E agora?", é a pergunta que fazemos.
Pois é, não sei.
Pro menino, a chance do bom novo compensa o risco da morte de tudo.
E o fato é que ele adora o jogo, independentemente do resultado.


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Daí, o menino continua jogando.
Eternamente, jogando.
Não importa nada: estará ele jogando.
E você, quer jogar?

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