sábado, 25 de dezembro de 2010

a oração do ateu

I
Nove meses.

Passaram-se Nove meses.

Há dois mil e dez anos e Nove meses,
diz a estória, um anjo
veio à terra, engravidar uma virgem.
Há Nove meses,
lembro-me bem, o natal
passou a ser estranho pra mim.

Dia vinte e cinco de março: nasceu uma lenda;
morreu minha vó.

Dia vinte e cinco de dezembro: a lenda foi parida;
Há Nove meses, morreu minha vó.

II
Em uma oração a deus, uma prima
lembra à família como minha vó gostava do natal,
a importância que sempre deu à data.

No meu canto, em silêncio,
choro por concordar com a observação
(e por não entender mais tanta coisa).

III
Muito mais do que encontrar
a alegria em datas,
fiz minha oração.

Vovó, em seu nome,
tomei um sorvete de creme,
e vesti-me de papai-noel.
Amem
(Ou "que assim seja", como você preferia).

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