quarta-feira, 9 de junho de 2010

céu minúsculo

sinto como se os pássaros
zombassem de mim:
passam pelos ares
gozando o vôo que, sabem,
nunca terei.

criança, desejo pegar o
céu. tudo me parece tão
fofo e azul! ah, um dia pego. oh, se pego!
pego e mordo, rasgo, acaricio:
   jógo um jôgo
   de acentuar o vento.
sempre que vejo o céu
(mas quando vejo de verdade: visão de infante)
sonho em esticar a mão e apertar um
pedacinho daquela maravilha.

e aí, no meio do delírio do alcance
me rasgam a vista os pássaros. indolentes!
não invejo homens e suas posses
brilhantes, ou suas mentes gigantes,
ou suas eloqüências falantes. invejo,
sim, pássaros.

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