O traço no pano
grita a plenos pulmões:
-Um corpo passou por aqui.
A memória do corpo sobrevive
nesta mancha que foi lavada
mas não largou:
prendeu-se à fronha,
para ser lembrada.
Veio de um lápis, destes
que não desenham papel. Destes
que tentam, em vão, embelezar
os olhos da mulher amada.
Tais olhos são lindos por serem o que são.
Pinturas não importam.
E, agora,
no abandono,
corpo
e coração
doem por ver a
mancha que não teve a coragem de
fugir.
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