quarta-feira, 28 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

pedido


Explicando como encontrei o presente da amiga


ah, cara amiga!
que difícil seu pedido!

camisetas, relógios,
perfumes, canetas, e chaveiros...
são todos iguais, todos mortos,
e simples.
julgamos a estética e o valor de mercado.
pronto, estão escolhidos.

mas, não! você quer algo
especial como você...

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a folha de uma árvore
é marca passageira da vida
vivida no tempo em que viveu.

carrega em si toda a naturalidade
de quem colabora, cresce, definha, morre.

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são tantas as árvores;
são tantos os galhos;
são tantas as alturas;
são tantas as folhas.

cada uma com sua história,
seu verão, sua primavera(!)
por contar...

como pode ser que eu,
mero poeta,
escolha, dentre tantas particularidades,
a mais adequada para te levar?

não posso!

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no meio da confusão pensando e olhando achei

é início do outono
todas as plantas conformadas
entregam suas folhas ao vento do barqueiro

mas há uma apenas uma dentre as que vejo
que se atreve a dizer não

e grita seu não em seus tons de fruta roxa e folhas verdes(!)

assim como você cara amiga
esta planta é a única que me pede
o fora do comum
(pra ela atenção pra você folhas)

há de ser dela a folha que será
entregue

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até dezembro!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

olhos ao mundo

queria poder, queria mesmo.
se por um só segundo possível fosse,
já de suficiente ser haveria.

arrancaria, sem dor, das órbitas os olhos;
rasgaria, contente, aberto o peito:

então, vestiria você meus olhos,
tomaria como agasalho meu coração,
e ao espelho ver-se-(dever)ia

e, d'então à frente, apenas uma palavra comporia
o autocrítico vocabulário seu:

PERFEIÇÃO - (orig. Daniel, 2009)
Subst. fem.
      1. Eu;
      2. Nós.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

necessidades

/quê que foi?/

/nem eu não sei.
olhei pra você,
escutei você:
sua voz, sua respiração...

e sorri.

precisa de mais?/

/não, não precisa./

//e jamais saberemos se falavam de explicações para a primeira pergunta, ou se apenas filosofavam sobre a existência humana deles mesmos.//

terça-feira, 13 de setembro de 2011

passeio no parque

há em mim um palhaço muito sem graça,
ótimo malabarista,
que roda, roda ,roda [...]
e cai.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

poema de dependência infantil

se passo necessidade?
sim, passo. muita.

quanto dinheiro eu preciso?
não, nenhum.
você não entendeu:

a necessidade que tenho não é monetária:
é abraçária.
preciso de colo de mãe. se der pra mandar pelo correio...
preciso de abraço de pai. de urso, sabe?
preciso de canja para quando estou triste.
preciso de um telefone que me diga "quer que eu vá praí?".
preciso de um ônibus toda sexta-feira.
preciso de uma cadela que não me reconhece mais, mas ama.
preciso de cheiro de casa me fazendo espirrar.
preciso de alguém que saiba cantar Rien de Você Não Vale Nada de Rien.

preciso também ver a família (como estão todos?).
preciso olhar nos olhos da namorada.
preciso comer feijão que não tenha gosto ruim.
preciso ouvir o canto de um único pássaro que cante um canto conhecido.
                   (preciso ser bem visto!)
preciso sentir calor (humano, pelo amor de deus!).

finalmente, preciso abraçar as colegas (amigas!) chegando e saindo das aulas.
preciso pular cordas entre amigos, ao menos 2 vezes nas semanas.
preciso pegar a estrada para deglutir peixe.
preciso,
preciso,
preciso.

preciso voltar.

o natal nunca demorou
tanto pra chegar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conversa

Poema escrito por mim e pela Jéssica Perini, pessoa com quem tenho escrito coisas muito mais bonitas que meras palavras.

porque todo suspiro carrega em si o desejo de ser palavra.

Na verdade, diria o plural: palavras.
Suspiro é uma abreviação para muita coisa:
                 saudade, desejo, felicidade, amor...

e é daí, da falta de língua pra dizer tanta coisa
que o peito grita, no único tom que consegue,

ai, ai

porque todo suspiro carrega em si o desejo de ser palavras.