segunda-feira, 30 de maio de 2011

me lembrou carlitos

existe uma música que faz
ti-mi-sentir,
um treco a-ss-im que
mi-ti-lembra.

e amaldiçôo, pois
ti-mi-ni-vejo,
e sei que
mi-ti-ni-quer.

mi-mi-mi

sexta-feira, 27 de maio de 2011

do poeta

ao poeta não cabe o direito de sentir:
sente apenas o que o leitor buscava.
ser poeta não é dom:
em verdade, maldição.

Percebi isso quando a amiga LuaCris atreveu-se a ficar triste, quando eu queria estar alegre.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

sobre aquilo que fazemos ao imposto

    ...e quero te cruzar
palavras, ser como
qualquer outro dicionário: cheio de sentidos,
e vazio de falas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

sobre a posse daquilo que não se possui

VENDE-SE!
venham logo, caros fregueses! venham,
porque aqui
vende-se de tudo.

vendo Saúde e vendo Atenção.
vendo Carne e vendo Amor.
vendo Companhias e vendo Solidão.

vendo, vendo, vendo.

vendo tudo o que não tenho.
vendo tudo que sou, em troca de
um sorriso humano que motive a vida
que vivo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

do amor

documentação histórica: não estamos fazendo uma boa.

Melhor!
Sim
  pois o documento perde-se
  e a memória cuida de esquecer datas.

Sem documentos facto-calendariais
  simplesmente
  seremos documentos de nós mesmos
  e resistiremos
à idade, ao fogo, à memória, ao tempo.

Seremos
  nós mesmos
  a estória que contaremos aos netos.

Por mim
 isto já é bastante.

das horas

hoje.
qual dia é hoje?

não sei, não há tempo.
tempo, tempo, não há
tempo. socorro (!), não há tempo.

não há tempo para ver;
não há tempo para perguntar;
não há tempo para ouvir resposta.

estamos todos muito preocupados,
imposição dinâmica do tempo,
para poder observar a criança,
para poder sentir o vento,
para poder comer a vida,
para poder expressar o amor.

não há tempo, não, não há.
sai da frente, rapaz, não sabes que não há tempo?
tira tua poesia de aqui, leva-te para lá, pois
não há tempo.
não há tempo nem para explicar-lhe a falta de tempo!
anda, sai.

mas eu quero,
quero mesmo saber quem é você,
d'onde veio, pr'onde vai, do quê gosta...

Maldito seja o demônio que, antes mesmo da propriedade,
inventou a maior tolice jamais concebida.
Maldito seja o homem que inventou o tempo.