terça-feira, 13 de dezembro de 2011

acontecido

caneta perdida no chão,
e se declarasse-te à posse
e tomasse-te feito cerveja gelada em sexta à noite?

serias minha,
de teu antigo dono,
ou da história que criamos os três,
nesta confusa coincidência?

terça-feira, 29 de novembro de 2011

é natural

10 horas de uma manhã
estrangeira qualquer.
(e sinto-me hiper-poeta expondo exílio.)

elementos técnicos anunciam neve,
mas o frio é forte quando confrontado ao sangue latino,
e as cortinas são fechadas

de tal forma que
nao posso esperar lá fora,
e não posso ver aqui dentro.

mas só importa que
queria mesmo era uma praia.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

poema falado

a primeira vez que escrevi um poema com a voz.

a noite desce;

as nuvens passam;

é escuro.

e, em meu peito,
estou sorrindo.

vejo apenas formas:
não vejo cores.

o horizonte delimita-se
em luzes e sombras:
luzes estáticas;
luzes que passam;
sombras que matam.

e caminho por um ponto
- um ponto -
um ponto como outro qualquer.

um ponto onde não me sinto
   pertencente

Ha!
Grande ironia!
agora que
aparelho, olhos e boca escrevem,
as nuvens param e
vejo um naco de dia.

e o ônibus vem.
e o ponto fica.

amen.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

do homem

sei de tudo
quanto sei;
estou em todos os lugares
onde estou;
posso fazer tudo
o quê posso.

e, assim, me basto.

amen pra mim.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

diálogo (im)possível

achei, vó.
achei minha coisa linda,
e eu quero passar a vida do lado dela, sabe?

Que bom, meu amor!
Que Deus te abençoe.
E, lembre-se, diga sempre: graças a Deus.

pois é. pois é...
queria que vocês se conhecessem.
certeza que vocês iam gostar muito uma da outra.

Sem dúvida.
Mas, no-fundo-no-fundo,
você já sabe que nos conhecemos, não é?

é, isso é.
deixa eu aproveitar que você tá aqui, vó, e dizer que
queria muito ter podido te levar no parque aquele dia.
(como tantas vezes...)

Eu sei, meu amor.
De nada.




me dá um abraço, vó?
vó?

-fim-

terça-feira, 18 de outubro de 2011

do hemisfério

18 de outubro.
hoje é 18
de
outubro.

o peito sabe a primavera
que a pele não pode,
e o ouvido rasga-se no silêncio
de não haver cigarras.

18 de outubro.
hoje é 18
de
outubro.

campos, 
onde estão meus campos?

sábado, 15 de outubro de 2011

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

das folhas

- Mãe, as folhas tão morrendo?!
-Não, meu filho. É você
que acordou com vontade de chorar.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

pedido


Explicando como encontrei o presente da amiga


ah, cara amiga!
que difícil seu pedido!

camisetas, relógios,
perfumes, canetas, e chaveiros...
são todos iguais, todos mortos,
e simples.
julgamos a estética e o valor de mercado.
pronto, estão escolhidos.

mas, não! você quer algo
especial como você...

............................................................................

a folha de uma árvore
é marca passageira da vida
vivida no tempo em que viveu.

carrega em si toda a naturalidade
de quem colabora, cresce, definha, morre.

............................................................................

são tantas as árvores;
são tantos os galhos;
são tantas as alturas;
são tantas as folhas.

cada uma com sua história,
seu verão, sua primavera(!)
por contar...

como pode ser que eu,
mero poeta,
escolha, dentre tantas particularidades,
a mais adequada para te levar?

não posso!

............................................................................

no meio da confusão pensando e olhando achei

é início do outono
todas as plantas conformadas
entregam suas folhas ao vento do barqueiro

mas há uma apenas uma dentre as que vejo
que se atreve a dizer não

e grita seu não em seus tons de fruta roxa e folhas verdes(!)

assim como você cara amiga
esta planta é a única que me pede
o fora do comum
(pra ela atenção pra você folhas)

há de ser dela a folha que será
entregue

............................................................................

até dezembro!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

olhos ao mundo

queria poder, queria mesmo.
se por um só segundo possível fosse,
já de suficiente ser haveria.

arrancaria, sem dor, das órbitas os olhos;
rasgaria, contente, aberto o peito:

então, vestiria você meus olhos,
tomaria como agasalho meu coração,
e ao espelho ver-se-(dever)ia

e, d'então à frente, apenas uma palavra comporia
o autocrítico vocabulário seu:

PERFEIÇÃO - (orig. Daniel, 2009)
Subst. fem.
      1. Eu;
      2. Nós.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

necessidades

/quê que foi?/

/nem eu não sei.
olhei pra você,
escutei você:
sua voz, sua respiração...

e sorri.

precisa de mais?/

/não, não precisa./

//e jamais saberemos se falavam de explicações para a primeira pergunta, ou se apenas filosofavam sobre a existência humana deles mesmos.//

terça-feira, 13 de setembro de 2011

passeio no parque

há em mim um palhaço muito sem graça,
ótimo malabarista,
que roda, roda ,roda [...]
e cai.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

poema de dependência infantil

se passo necessidade?
sim, passo. muita.

quanto dinheiro eu preciso?
não, nenhum.
você não entendeu:

a necessidade que tenho não é monetária:
é abraçária.
preciso de colo de mãe. se der pra mandar pelo correio...
preciso de abraço de pai. de urso, sabe?
preciso de canja para quando estou triste.
preciso de um telefone que me diga "quer que eu vá praí?".
preciso de um ônibus toda sexta-feira.
preciso de uma cadela que não me reconhece mais, mas ama.
preciso de cheiro de casa me fazendo espirrar.
preciso de alguém que saiba cantar Rien de Você Não Vale Nada de Rien.

preciso também ver a família (como estão todos?).
preciso olhar nos olhos da namorada.
preciso comer feijão que não tenha gosto ruim.
preciso ouvir o canto de um único pássaro que cante um canto conhecido.
                   (preciso ser bem visto!)
preciso sentir calor (humano, pelo amor de deus!).

finalmente, preciso abraçar as colegas (amigas!) chegando e saindo das aulas.
preciso pular cordas entre amigos, ao menos 2 vezes nas semanas.
preciso pegar a estrada para deglutir peixe.
preciso,
preciso,
preciso.

preciso voltar.

o natal nunca demorou
tanto pra chegar.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Conversa

Poema escrito por mim e pela Jéssica Perini, pessoa com quem tenho escrito coisas muito mais bonitas que meras palavras.

porque todo suspiro carrega em si o desejo de ser palavra.

Na verdade, diria o plural: palavras.
Suspiro é uma abreviação para muita coisa:
                 saudade, desejo, felicidade, amor...

e é daí, da falta de língua pra dizer tanta coisa
que o peito grita, no único tom que consegue,

ai, ai

porque todo suspiro carrega em si o desejo de ser palavras.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Aquele abraço pra quem fica!

Existem coisas na vida que nós fazemos sem nem perceber exatamente o porquê. São pequenas coisinhas rotineiras, costumes que vamos criando ao longo da vida. Normalmente, vêm de origem cultural ou familiar, mas podem até surgir de forma independente, pela individualidade da pessoa.

Uma dessas coisas - na minha vida - é abraçar. Descobri só agora o porquê disso. O que eu já sabia é que isso é bem normal, e as pessoas retribuem os abraços sem grandes problemas aí, de onde eu venho. (Talvez o abraço seja um exemplo de coisinha cultural, né? Bom... sei lá, e isso não é importante agora).

O que importa é que eu vim parar aqui, no meio (tá mais pra sudeste, mas você entendeu o que eu quis dizer) dos Estados Unidos da América. À primeira vista descuidada o país até que é bem parecido com o nosso: temos pessoas; temos prédios; temos ruas; temos faróis; temos carros (talvez não tão grandes, mas temos); temos restaurantes; temos Coca-Cola. Tudo igual...

O problema - motivador do texto que aqui se apresenta, aliás - é o que vem depois da primeira vista descuidada. Já diria, genialmente, a parede do meu quarto: "O essencial é invisível aos olhos - O Pequeno Príncipe". E tanto a parede quanto o autor da frase nela escrita estão cobertos de razão. Os abraços são invisíveis aos olhos. Eles são vistos mesmo é com o peito.

Você, caro leitor brasileiro, já ficou sem abraçar pelo menos 5 pessoas diferentes ao longo de 17 dias?! Se já, creio que você conhece bem minha agonia: como qualquer viciado em crack, ou droga mais pesada, estou em crise de abstinência.

Os sintomas?

Nem sei explicar... Só sei que quero abraços. E que esse país não abraça.

Começo eu a achar que talvez troquemos abraços para compartilhar o peso das nossas vidas, sei lá. Deve ser isso mesmo: o abraço é uma forma de compartilharmos o peso que os problemas trazem aos nossos peitos. Existe aquele ditadinho do George Bernard Shawn: "Você tem uma maçã e eu tenho uma maçã. Se as trocarmos, cada um de nós continuará com apenas uma maçã. Mas se eu tenho uma idéia, e você tem uma idéia, e as trocarmos um com o outro, ambos teremos duas idéias.”. Pois é, acho que eu adicionaria aí o seguinte:
Porém, eu tenho problemas, e você tem problemas. Se nos abraçarmos, nós dois, sem dúvida alguma, teremos uma quantidade menor de problemas para carregar no peito.
É, pois é.


Acabou a conversa, vai. Isso aqui já deu o que tinha que dar. (Mas abraço que é bom...)

paráfrase americana

As aves que aqui gorgeiam
não me vêem (nem viram)
como lá.

Daí, canto eu:
-Bem, quero te ver! Bem, quero te ver!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

físicos, tolos físicos.
só quem já amou sabe que o tempo,
em verdade,
para em apenas duas situações de distância:

à proximidade máxima;
ao afastamento insuperável em menos de 5 minutos.

tempo

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que
 cativas" - Antoine de Saint-Exupéry

precisei de vinte anos para entender
que ser responsável é dádiva,
nunca prejuízo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

jura de amor

a melhor e mais segura 
garantia que posso dar
é a seguinte:

Juro pelo meu amor por você.

não há coisa mais certa que isso.

domingo, 7 de agosto de 2011

sobre a soma

deitado na cama que não é minha,
concluo (pela enésima vez) que há no mundo coisa
mais importante que a posse da dita cama.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Partidas

A minha vontade, ali olhando,
Ai, meu coração(!),
Era sair correndo e gritando:
Pega ladrão, pega ladrão!

Estão fugindo com meus dias de alegria,
Estão levando o beijo religioso de boa-noite,
Estão furtando o piquenique no meio do dia,
Estão tomando o direito de acordar e declarar: amo-te!

E a minha vontade, ali olhando,
Pega ladrão, pega ladrão!

As conversas sinceras,
Os abraços carinhosos,
As brigas ensaiadas, (de verdade não sabemos)
Os momentos silenciosos...

Bem sei, tudo isso não me roubam
Pois não se tem o quê se(cê) é.
Mas as partidas me perturbam
Como medo de fantasma puxador de pé.

E a minha vontade foi passando,
Não é ladrão, não é ladrão!

E você partiu,
E eu fiquei.
E você consentiu,
E eu partirei.

E a minha vontade foi mudando,
Até logo, até logo!

Até

sexta-feira, 15 de julho de 2011

musas

enganam-se os críticos
afirmantes de serem deusas
oue figuras mito-lógicas
as musas dos poetas.

a única verdadeira musa
que um poeta invoca à escrita
é a vida.

sinceramente

e toda expressão tua
é não menos que
um sorriso meu.

(até as de choro,
pois, já diria sábio mestre,
é preciso ser natural.)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O Pecado Original

e foi então que
inventou o homem a palavra,
da-quela mentira.

não podia ser
(já que não se é mentira)
ou fazer
(já que tudo que se faz é fato)
e precisou falar,
codi-falsi-ficar os sentidos da realidade.

assim, caso ames-me,
ames-me. não digas, não mintas!
simplesmente ames,
e será bastante.

termino, portanto, esta forma
máxima de mentira dizendo que,
em verdade,
amo-te.

domingo, 26 de junho de 2011

faltas

Qual o motivo d'eu ser
Ateu?

É que a lógica humana
Não me permite desacreditar na
Fome, na
Guerra, na
Solidão, na
Crueldade, na
Tristeza, na, em suma,
Dor.

Então, opto por desacreditar no ser que, dizem,
Criou tudo o que
"Viu que era bom"
No universo.

Simples, né?

e não me venha com "livre-arbítrio" não, tá?
a mulher que sofre aborto natural do filho que queria não teve direito ao livre-arbítrio,
só pra dar um exemplo.
amen.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

homem, o

criança, caminho.
criança, brinco.
criança, vivo.

mas há, ali, na esquina, um
homem
espreitando.
e paro.

a verdade, assumo, é que tenho medo,
muito medo. medo deste
homem,
inevitavelmente des'conhecido meu.

socorro, mãe.
alguém me abraça como na corrente que trago no pescoço?
esse
homem
me esperando tá me dando muito medo.

...

será que você aí não podia ir ali perguntar presse
homem
o RG dele?
se bem que isso eu já sei.
também sei nome, data de nascimento e os sonhos
desta infância dele...
faz o seguinte: vai lá e pergunta pra MeIlMe qual é a
única
coisa que torna o sonho impossível.
Eu vou saber do que se trata...

descanso

Renata, hoje é feriado por quê?
corpo de cristo, daniel.
ah. amen...
tsa, cínico.
hehe, pois é...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Explicação Cultural-Ideológica Sobre O Porquê De Não Se Dever Dizer "Te Amo" Junto Da Palavra "Tchau"

Antes de atrever-me a adentrar na densa questão que proponho no título acompanhante d'esta breve colocação, exponho um ponto relacionado que servirá de sustentáculo fundamental à argumentação a seguir: a hora adequada do aplauso. Caro leitor, veja bem: o aplauso indica a aprovação e contentamento do interlocutor de determinada exposição. Como, então, podemos concordar com o infeliz costume de aplaudir coisas acabadas?! Oras, achamos adequado celebrar publicamente a morte de algo/alguém? (Sim, eu sei que você nunca pensou nisso.)


Pois então. O ato de dizer "eu te amo" a alguém implica um movimento de sentimentos que, no futuro palpável não deverá ter cessado. Como, então, tomar como aceitável que tal expressão seja aproximada da despedida, elemento cessante de todos os movimentos emocionais?

Digo que o amor deve ser expresso sempre que necessário, nunca no momento em que os processos cognitivos, racionais, metacognitivos, irracionais, e superiores traqueonterostorais estão prestes a retornarem ao limbo do coraçãocérebro. E é interessante notar que lá permanecerão até que haja novamente um movimento confuso de volta ao momento adequado de existência, nova oportunidade para, adequadamente, haver uma sincera e bem colocada expressão de amor.

Assim, antes que a literatura aqui (pro)posta tenha a capacidade de cruzar seu cérebro em um nó cego, caro leitor, encerro esta fala reforçando a inadequação ideológica de se dizer "eu te amo" no momento da despedida.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

sobre as contas deitadas

hoje há só um lápis
-pinto e rabisco-
desenhando a conta exata.

não, não adianta! agora
sei que a somatória ganha
-de lavada-
destas outras contas malamadas.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

me lembrou carlitos

existe uma música que faz
ti-mi-sentir,
um treco a-ss-im que
mi-ti-lembra.

e amaldiçôo, pois
ti-mi-ni-vejo,
e sei que
mi-ti-ni-quer.

mi-mi-mi

sexta-feira, 27 de maio de 2011

do poeta

ao poeta não cabe o direito de sentir:
sente apenas o que o leitor buscava.
ser poeta não é dom:
em verdade, maldição.

Percebi isso quando a amiga LuaCris atreveu-se a ficar triste, quando eu queria estar alegre.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

sobre aquilo que fazemos ao imposto

    ...e quero te cruzar
palavras, ser como
qualquer outro dicionário: cheio de sentidos,
e vazio de falas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

sobre a posse daquilo que não se possui

VENDE-SE!
venham logo, caros fregueses! venham,
porque aqui
vende-se de tudo.

vendo Saúde e vendo Atenção.
vendo Carne e vendo Amor.
vendo Companhias e vendo Solidão.

vendo, vendo, vendo.

vendo tudo o que não tenho.
vendo tudo que sou, em troca de
um sorriso humano que motive a vida
que vivo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

do amor

documentação histórica: não estamos fazendo uma boa.

Melhor!
Sim
  pois o documento perde-se
  e a memória cuida de esquecer datas.

Sem documentos facto-calendariais
  simplesmente
  seremos documentos de nós mesmos
  e resistiremos
à idade, ao fogo, à memória, ao tempo.

Seremos
  nós mesmos
  a estória que contaremos aos netos.

Por mim
 isto já é bastante.

das horas

hoje.
qual dia é hoje?

não sei, não há tempo.
tempo, tempo, não há
tempo. socorro (!), não há tempo.

não há tempo para ver;
não há tempo para perguntar;
não há tempo para ouvir resposta.

estamos todos muito preocupados,
imposição dinâmica do tempo,
para poder observar a criança,
para poder sentir o vento,
para poder comer a vida,
para poder expressar o amor.

não há tempo, não, não há.
sai da frente, rapaz, não sabes que não há tempo?
tira tua poesia de aqui, leva-te para lá, pois
não há tempo.
não há tempo nem para explicar-lhe a falta de tempo!
anda, sai.

mas eu quero,
quero mesmo saber quem é você,
d'onde veio, pr'onde vai, do quê gosta...

Maldito seja o demônio que, antes mesmo da propriedade,
inventou a maior tolice jamais concebida.
Maldito seja o homem que inventou o tempo.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

pinicativo

Eu pinico;
Tu pinicas;
O bebê faz no pinico.

Nós pinicamos;
Vós pinicais;
Os fiapos me pinicam.


(quero aproveitar e fazer uma recomendação. O site http://linguistica.insite.com.br/cgi-bin/conjugue é maravilhoso! Ele consegue conjugar qualquer verbo, até o "pinicar". Em caso de dúvida, use.)

domingo, 24 de abril de 2011

arbitrariedades

Ô mãe!
Por quê que os árabes e os judeus brigam?

É que eles querem a terra deles, filho.

Como assim, mãe?

É, o deus que os judeus acreditam disse que a terra era deles,
mas o dos árabes também disse que era deles.
Daí eles brigam pra ver qual deus tá certo,
de quem é a terra. Entendeu?

Aham.
Mas, ô mãe...
E a nossa casa,
quem disse que ela é nossa.

Haha, isso foi o cartório.

Por quê?

Porque a gente trocou dinheiro pela casa.

Áh, entendi.
Mas, o mãe...
E o Dinheiro tá certo?

...
Hã?

É, e eu acredito em Dinheiro?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

dúvida

... afinal, Renata, amor dói?

Não, nunca!
Se doeu, não era amor:
era desejo de posse.

domingo, 10 de abril de 2011

e que fique claro: prostituas são respeitadas. as putas...

Sou uma puta
puta
puta.

Sim, hoje me sinto uma puta
puta
puta.

Nada além de puta
puta
puta.

Às vezes sou como uma puta
puta
puta.

Puta
PUta
PUTa.

P-U-T-A

E CHEGA!

abraços

Desista. simplesmente
Desista dessa sua idéia estúpida!

Você quer se convencer de que dói,
de que não vale a pena. de que Você
vai se arrepender.

bem,
Desista.
porque Eu não vou
Desistir de Você.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Comment ça va?

Il n'ya qu'une seule
étoile dans le ciel. Unique et stupide étoile.
Stupide d'être seule, quand
il ya autant d'étoiles autour de lui.
Bonne nuit, sœur étoile.

Como vai?
Não há mais que uma única
estrela no céu. Estrela única e estúpida.
Estúpida por ser só, quando
há tantas estrela em seu redor.
Boa noite, irmã estrela.

Breve Debate Acerca do Adjetivo

Acredito eu, do alto (ou de baixo) do meu pequeno conhecimento técnico sobre questões gramaticais da língua portuguesa, que os adjetivos deveriam ser escritos com inicial maiúscula. Utilizarei do abstrato espaço criado por este quasiensaio para explicar minha posição.

Tendo orientações capitalistas, cristãs e estéticas como norteadoras de nosso way of life, estamos sempre colocando nosso discurso de tal forma a criar redes cada vez maiores de juízos de valor. Com alguma dose de abstração, é possível afirmar que quase toda fala humana contemporânea é construída dentro de, e serve de sustentáculo para, esta rede de opiniões. Ora, na "lingua prima" brasileira, qual é a classe morfológica de palavras que permeia tal construção? Se não for o adjetivo, tudo que disse até aqui perde seu sentido (se é que há algum em atribuição no momento).

Pois bem, percebendo, então, o papel importantíssimo que o adjetivo tem em nossa cultural forma de expressarmo-nos, por que não partir ao limite máximo estético de honrarias, e escrevê-los com inicial maiúscula? Ora, temos aqui uma mera questão de concordância (não numeral ou de gênero) estético-cultural-ideológica.

Assim, sem maiores prolixias delongueantes, concluo esta breve nota afirmando que é passada a hora para aceitarmos os desenhos julgadores de nossas falas, lançarmo-nos em direção ao aceite de nossas colocações intra-conceituais, e exarcebá-las com o grau estético máximo da língua escrita: É PASSADA A HORA DE ESCREVERMOS ADJETIVOS COM INICIAL MAIÚSCULA.

Grato pela atenção, pergunto:
Você achou este textículo Ótimo, Bom, Regular, ou Péssimo?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Cotidiano 6

Você é mestrado ou doutorado?

Eu?! Eu não sou nada.
Sou só funcionário.

Ah, então não só você é alguma coisa,
como também é exatamente o que eu preciso.

Ô, amigo! Então fala...

sexta-feira, 1 de abril de 2011

fica sem título

Já faz tempo isso, mas lembrei agora.

Espera!

Quê foi?

Volta.

Por quê?

Você sabe.

(É, eu sei.)

[e aconteceria um beijo do tipo que pára o tempo]

E era assim que era pra ter sido. Mas a euforia do momento me prendeu no dizer "tchau". 
Desculpa.

sábado, 26 de março de 2011

lista

Abraços (largos e gostosos);
Sorrisos (sempre sinceros);
Interesse (sempre sincero, de novo);
Carinhos (quem não gosta de carinho?);
Ouvidos (sempre atentos);
Brownies (de café, nozes, chocolate, etc);
Livros (para compartilhar a alegria da poesia);
Ocasional falta de ar (nada muito grave);
Ocasional taquicardia (nada muito grave, de novo);

A Verdade. Sempre.

E é só isso que sei dar de presente pra quem me ama...
Nem adianta pedir outra coisa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

esperar

ao fundo, o prenúncio dum
carro sendo roubado;

ao lado, pássaros brincando
de serem felizes;

à frente, universitários andando
escandalosamente pela vida.

e há apenas silêncio em meu peito.
aquele triste e recente silêncio
de não ter te escutado hoje.

segunda-feira, 21 de março de 2011

eu sinceramente não entendo certas convenções sociais

Oi.

Oi?

É, oi.

Por quê(?) oi?

Pra cumprimentar, ué.

E precisa?

Do quê?

De cumprimento, oras!

Ah, precisa. Não?

Ah, menino, me deixa em paz, vá.
Cê complica de mais as coisas.
(começa a esbravejar pra si)
Quanta confusão!
Nunca chega no ponto, fica só no "oi".
Oi!
Coisa irritante!

(e o menino sai sem dizer o que tinha ido dizer.)

terça-feira, 15 de março de 2011

você também tem disso?

sinto inveja, às vezes.

o tchãrãvs é que 
só sei sentir inveja de mim mesmo.

claro! há sempre uma parte de mim que sabe 
qual é o certo.

aí virou-mexeu, eu faço o errado.

sinto inveja de mim mesmo...

saco. queria ser mais como eu.

segunda-feira, 14 de março de 2011

sobre o jogo perto do lago

Existe um menino perto da lagoa.
Ele mora por ali.
Não sinta pena, não sinta nada.
Ele mora por ali porque quis.

Esse menino gosta de jogar.
Mas não é qualquer tipo de jogo.
Ele joga só o jogo de jogar o corpo inteiro.
Foi assim que aprendeu a brincar.

Ele tem bem uns 7 anos, talvez um pouco mais .
Desconsideremos, entretanto, sua pouca idade: ele tem um problema de gente grande.
Tanto jogou o corpo inteiro, que esqueceu que a alma e o coração estão no corpo.
E ele não entende o perigo que essa parte do jogo trás.

Às vezes, é verdade, ele joga bem.
Joga no lugar certo, e lá tem alguém pra segurar.
Quando acontece a segurança, que delícia.
É da alegria dessa seguridade que nasce tudo de bom do mundo.

Mas, não nos enganemos, outras vezes ele erra.
Joga no lugar que parece certo, mas não é.
PA!
E o menino morre um pouco (não de corpo. Só de alma e coração).

Quando isso acontece, ele volta pro lago.
Lá tudo é bonito (tem até uns barquinhos: brancos e diferentes de tudo).
Lá ele guarda as alegrias das seguridades acertadas.
Mas isso não revive a parte morta do menino.

E o menino não desiste.
Ele sempre joga de novo esse jogo de jogar tudo de si.
E sempre acha que vai acertar.
E nem sempre acerta.

.................................................................................................................................

"E eu com isso?", você deve estar se perguntando.
Bem, se o menino errar mais muitas vezes, ele vai morrer.
E tudo de bom no mundo pode acabar junto dele.
E isso seria um problema.

"Bom, então fala pra ele parar!", você deve ter pensado.
Mas, aí, tem outro problema.
Se ele nunca mais jogar e acertar, nunca mais teremos coisas boas novas no mundo.
E as coisas boas, depois de um tempo, podem ir ficando ruins.

"E agora?", é a pergunta que fazemos.
Pois é, não sei.
Pro menino, a chance do bom novo compensa o risco da morte de tudo.
E o fato é que ele adora o jogo, independentemente do resultado.


.................................................................................................................................

Daí, o menino continua jogando.
Eternamente, jogando.
Não importa nada: estará ele jogando.
E você, quer jogar?

domingo, 13 de março de 2011

tratado definitivo sobre o gato

sempre ouvi.
sempre,
especialmente de avós:
a curiosidade matou o gato.

bem, dane-se!
sou gente,
e digo:
a falta de curiosidade mata gente.

com licença, então,
que eu vou passar com
minha felinidade humana,
e exijo respostas.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Humanidade

será que não era legal
se a gente parasse de
parecer ocupado,
e passasse a dar atenção
pra quem quer dar (tanta) atenção
pra gente?

quinta-feira, 10 de março de 2011

Explicação político-literária sobre minha escrita.

Tenho sérios problemas em escrever coisas com personagens. Educa-sem-dor em formação, acho extremamente complexa e inadequada a ideia de mandar em alguém, decidir quê farão, coisas assim.

Rezo (ok, não rezo. Mas gostaria de ver surgir da lagoa) pelo dia em que as histórias escrever-se-ão sozinhas, sem a necessidade da ditadura da escrita autoral.

E é por isso que não escrevo coisas com personagens fictícios. Se escrevi coisas com personagens, é porque eles são reais - nem que seja na minha cabeça.

quarta-feira, 9 de março de 2011

?

ME-RES-PON-DE!

Moço, por quê que você tá gritando com a árvore?

Por quê? Por quê, você quer saber?

É, por que gritar com a árvore?

Pra ter respostas, filho.

E quais são suas dúvidas, moço?

Ha! Diga-me você: quais não são as suas?

...
...
ÁRVORE, ME RESPONDE! Por favor,
responde. Por favor, árvore.
(e a voz do menino foi sumindo em dúvida. uma dúvida tão grande que ele nem sabia quê perguntar.)

(e homem e criança abraçaram-se, em choro, sem resposta.)

(e a dúvida está congelada, até hoje, no jardim: o abraço deles morfou-se árvore.)

(e é esse o mistério da vida.)

terça-feira, 8 de março de 2011

na minha cabeça, fez sentido tudo isso

quê que você pensa, Renata?

que você é um tonto, Daniel.

nossa, por que isso?

Não Importa. Não Adianta.
afinal, é assim mesmo que te amo!
(e é assim mesmo que Você ama...)

ah, então tá bom...

graça

se eu quero,
se eu quero.
o quê quero
é declarar
amor eterno.

e aí,
#comofas?

sábado, 5 de março de 2011

keys to a good relationship

Read closely. Soon enough, you'll understand.
friendship
understanding
caring
knowing
inventiveness
nurturing
generosity


#trollface

pois é,

é que quando você é a
companhia no sonho, abrir o olho acaba sendo
a morte.

quarta-feira, 2 de março de 2011

poema da análise do papel


Para ver o poema, aperte o "play" aqui em cima, espere o aplicativo carregar, e vá apertando o play pra ir passando pela apresentação.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

a pergunta do leitor

Pelo centro de Campinas,
de dentro do ônibus vejo,
há uma porta no meio do prédio.

Sob, sobre, entre, sei lá eu qual
preposição,
não há nada.

É só mesmo uma porta de metal cinza no meio da
parede de fora do prédio.
Por mais que não possa entender,
é só isso.

É

Isso.

É

Isso?

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

sobre tantas coisas. dentre elas, o vento.

oras, perdoe-o.
assim é a vida dele,
esta é sua natureza:

Quanto mais existe perto de nós,
para mais longe se leva.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

domingo, 6 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

psicopatias desejadas

E se eu quiser que, hoje, o Sol seja meu?

Não seja tola, Renata. O Sol num pode tê dono!

Ah, rapaz, vá! A consciência aqui
Sou Eu. Você não manda em nada não!

Mas, Renata!... Num é questão de mandá!
É só mesmo que o Sol não pode tê dono...

Cê qué vê? Qué apostá?

Mostra, então. Vamo vê.

(E a consiência afastou-se chorando desesperadamente, porque não sabia como explicar logicamente a posse solar.
Tinha explicações mitológicas aos montes, mas sabia que o Eu humano não seria capaz de entender bulhufas de conversa tão artística.
(Que nem você aí, lendo, que não entendeu nada do que isso tudo quis dizer, mas está com um risinho no canto do rosto, imaginando como o poeta poderia saber sobre tal incompreensão.))

domingo, 23 de janeiro de 2011

Q.E.D.

até os santos são estúpidos 


jesus cristo, Homem milagreiro?

Homem estúpido, isso sim.

quando o primeiro aleijado chegou pedindo ajuda,
fosse ele inteligente,
fazia a humanidade aceitar o aleijamento do homem,
Amá-lo sobre qualquer peculiaridade que carregasse.

ao contrário, fez o homem andar.

no caso hipotético, seríamos todos Felizes,
Humanos,
irmãos Diferentes
em nossas Igualdades.

no caso real, um aleijado saiu andando.

precisa falar mais?

(Deus, ame este pequeno poeta
apenas da forma que sou. não
"cure" minhas loucuras. amen)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

pode ser chocante, mas é verdade: não sou perfeito

pessoas que:

  • comem frango de garfo e faca;
  • comem melancia de garfo e faca;
  • comem manguito sem fazer lambança;
  • acham que tubaína é coisa de pobre;
  • não gostam dum lanchão de mortadela do centro de São Paulo;
  • não gostam do centro de São Paulo;
  • não gostam de caipirinha;
  • exigem respeito.
destas quero distância.

e são estes meus Preconceitos.

domingo, 16 de janeiro de 2011

sábado, 15 de janeiro de 2011

Cotidiano 5

(Eu juro que esse diálogo aconteceu. Mesmo, mesmo.)

Escuta, não existe chocolate sem lactose normal,
que não seja meioamargo?

Você diz um sem lactose ao leite?

(A consciência do poeta convulsiona em risos)

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Maleita é uma doença

Eu ia escrever sobre o homem
que acabei de conhecer.
Ia.

Nem vale a pena tentar.

(Seria impossível chegar perto de registrar 
o que aconteceu.)

confessionário

Padre? Não, não:
O da viúva é mesmo
A privada.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ah, mergulhar em teus mares...

Ah, mergulhar em teus mares...
Mergulhar em teus mares e perder-me
em teu perfume (aquele que não esqueço)
de mulher amiga e confidente.

Ah, mergulhar em teus mares...
Entre teus cabelos encontrar uma parte de
mim que já carrega 25 ou mais anos.
Desculpa-me por isso, por sinal.

Ah, mergulhar em teus mares...
Já provei de tua água, tu sabes.
Tua água tem sabor de três pais,
e de uma mãe que me admira.

Ah, mergulhar em teus mares...
Teu nome, nem imaginas,
é a música mais linda que conheço.
Em três tempos, amam meus tímpanos.

Ah, mergulhar em teus mares...
Um dia, tenho-me prometido,
juntaremos os brancos de nossas graças
e seremos equilibrados como mandam os bons costumes.

Ah, mergulhar em teus mares...
Fato engraçado, ainda guardo o
dinheiro que me destes. Aprendi
tanto contigo que seria errado gastá-lo.

Ah, mergulhar em teus mares...
Até hoje me deves um mapa.
Além da aula de inglês. do trabalho de escola,
não mais pude encontrar-me, depois de ti.

Ah, mergulhar em teus mares...
Socorro, musa! Socorro!
Preciso afogar-me em ti. (seja meu snorkel de água!)
Socorro.

Ah, mergulhar em teus mares...

sábado, 1 de janeiro de 2011