O Sol já não corta as ruas
de São Paulo, há 8 horas.
É inverno, isso dá mais que meia-noite.
Por onde vejo, prédios dormem,
apagados. Mas há espanto! Uma luz
acorda.
...
Por quê?
O andar é ansioso esperando a volta do filho?
O correr é assustado pelo filho que está nascendo?
O pai morreu?
O sexo acabou, hora do lanchinho?
O insone denuncia a loucura da rotina?
O festejar cansou, hora de cama?
Não sei, mas questiono.
E a luz ao lado, que ainda dorme?
Se sonha, sonha como?
Se não sonha, por quê espera?
Se há vida, como pode a luz dormir?
Se não dorme, será que está morta?
Não sei, mas indago.
E a noite corre.
E a imaginação corre.
E histórias são narradas na escuridão iluminada do sono dos prédios.
...
Há tanta poesia na noite de São Paulo,
mas tanta mesmo, que nem adianta tentar
escrever mais sobre isso. Quanto mais buscar,
menos terei feito.