domingo, 28 de fevereiro de 2010

Declamação

não se fale do poema
uma só palavra.
não se interprete ao outro
o que a si próprio se foi interpretado.

não se fale do poema
uma só palavra.
a menos que se fale sozinho,
para sentir-se outros sabores.

não se fale do poema
uma só palavra,
aprecie-se as letras em solidão,
como se na masturbação mais desesperada.

II
Poemas são escritos;
Músicas são cantadas;
Filmes são projetados.

Poemas são escritos.

III
O poeta escreve, mas poderia
gravar em rolo,
LP, fita-cassete,
CD, DVD, Blu-Ray.
Não grava porque quer
ser lido,
não declamado.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Feijoada

Hoje inventei uma nova
mulher, neste nosso país de
mulheres inventadas.

É uma vovó, agradável
como poucas. Passou sorrindo,
e fez todos sorrirem.
Além de deliciosa, a vovó também
é preta, de um preto maravilhoso de se ver...
Conclui-se:
ela é a
mulher feijoada.

(Será que todo domingo
alguma família se reúne
só para estar junto
desta beleza?!)

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Viver

Não, meu amigo,
eu não posso fechar a cortina.
Não posso, e explico:

Estamos, os dois,
presos no ônibus.
O resto do mundo
está passando por esta janela.

Estamos, os dois,
nesta conversa enfadonha.
Lá fora, quê será
que estão conversando?

O que tento dizer,
caro amigo,
É que não posso perder
a chance de realizar
a experiência mais orgásmica da vida:
viver.
E o que é viver, senão observar
a existência, como um telespectador
inócuo,
e burro?

Então, grande amigo
que acabo de conhecer,
lhe convido:
venha viver comigo;
venha olhar pela janela do ônibus.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ia passando alegremente.

Quero sangue. Sangue
em meu corpo.
Quero sangue. Sangue
pelas calçadas.
Quero sangue. Sangue
pelo ar.

Quero que a vida pulse, com sua ferida helicoidal;
Quero que a cidade vibre, como no momento genial;
Quero que os campos pasmem, na rotina bestial;
Quero que a gramática se assuste, ao chegar no ponto final.

Quero sangue para matar
minha sede de sangue.
Quero morte para agitar
meu coração moribundo.
Quero agito para ir
à puta que nos pariu.

Resumindo: quero apreciar
a beleza e o perfume
de um lírio.

O Copo

Este copo está meio cheio,
ou meio vazio?
Indagou o filósofo.

Seja como for,
o fato é que há espaço para mais cerveja.
Disse o bohêmio.

Eu? Só gostaria
que não me enchessem
o saco...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Elefantinhos

No meu mundo perfeito, crianças
roubam. Porém, não levam dinheiro, roupas, nem sapatos!
Pobres livreiros, sempre sofrem o ataque
de um tombradinha
sedento por conhecimento!

Assim é meu
mundo ideal.
(se não houvessem 
ladrões, mas só os de
livros,
a vida perderia a graça.)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Amanda

I
Brandão
Das Dores
Garbin
Paim
Rodrigues
Silva

Caramba, quantas
Amandas conheço!

II
Amanda...
puta nominho parecido com
amando.
Mera coincidência?
Talvez, mas,
já diria o ditado,
qualquer coincidência é sempre mera
semelhança.

III
Houve uma
Amanda
que me marcou:
Tinha um sorriso lindo; Olhos
tão quentes que não pude
olhá-los por muito; um carisma
do tipo raro de encontrar; cabelos
maravilhsos... uma pessoa
digna de se amar.

IV
É medicina que
você estuda? Veja,
então, meu coração.
Tenho sentido algo estranho ultimamente.
Acho que entre o átrio esquerdo
e o ventrículo direito
não coube sua imagem.

Mas não aceite meu diagnóstico!
Cheque, de qualquer forma. Encontre-se
lá. Esse é o tipo de coisa que
não está em nenhum
Gray's Anatomy.

V
É Àmanda que
estou amando?
Alguma Amanda aí
faz psicologia,
pra me ajudar a
responder essa?!