quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
enfim o fim e no fim enfim sós
sábado, 25 de dezembro de 2010
a oração do ateu
Nove meses.
Passaram-se Nove meses.
Há dois mil e dez anos e Nove meses,
diz a estória, um anjo
veio à terra, engravidar uma virgem.
Há Nove meses,
lembro-me bem, o natal
passou a ser estranho pra mim.
Dia vinte e cinco de março: nasceu uma lenda;
morreu minha vó.
Dia vinte e cinco de dezembro: a lenda foi parida;
Há Nove meses, morreu minha vó.
II
Em uma oração a deus, uma prima
lembra à família como minha vó gostava do natal,
a importância que sempre deu à data.
No meu canto, em silêncio,
choro por concordar com a observação
(e por não entender mais tanta coisa).
III
Muito mais do que encontrar
a alegria em datas,
fiz minha oração.
Vovó, em seu nome,
tomei um sorvete de creme,
e vesti-me de papai-noel.
Amem
(Ou "que assim seja", como você preferia).
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
questões de tempo (e espaço)
Por quê não dormimos junto?
Sabe, mãe, eu não consigo entender
tanta coisa! Mas a coisa que eu menos
entendo é o tempo. O tempo não: o relógio.
O treco fica girando e girando e girando e não para.
(Se para, trocamos a pilha em desrespeito à morte do coitado.)
Dependendo da posição dos ponteiros, eu tenho que acordar ou dormir
ou tomar banho ou café ou almoçar ou estudar ou brincar ou cuidar da Lady...
Mas e quando o pé dorme, mãe? Eu preferia obedecer meu pé que os
ponteiros, entende? Acho que meu pé me conhece melhor que os
ponteiros. E, afinal de contas, quê diabos é um ponteiro
pra mandar em mim?! Até hoje num fui
nem apresentado pro safado!
Vix, mas olha a hora.
Já passa das 10.
O relógio quer
que eu vá
dormir.
Boa n
oit
te
.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
conversas entre eu e eu
Te amo, de volta.
E se eu disser que você é tudo.
Sou tudo, em troca.
E se eu disser que quero acariciar sua barriga?
Quero seu carinho, na hora.
E se eu não perguntar mais?
Fico muda.
Porque toda palavra é uma pergunta
e todo silêncio, uma resposta.
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
sobre o namoro e o amor
Namorada?
Não, não pretendo ter nenhuma no momento.
É que, como amante das palavras, sei que
a sintaxe da coisa é da maior importância, e que(.)
A análise sintática do termo namorada termina
em polidezas, educações e frescuras aos montes.
Sou do tipo que, em dia de chuva,
ao lado de quem amo,
não ofereço para dividir guarda-chuva;
ao contrário, roubo o da pessoa amada e grito:
CORRE, ANIMAL!
Desculpem, mas prefiro meu amor sincero
como a mais infantil das brincadeiras de criança.
Namorada?
Não! Isso é coisa de adultos, amiga.
Vamos ali, brincar de viver (que a gente ganha mais).
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
chegando em casa
O muro pixado pergunta:
"QUE VIDA É ESSA?".
Socorro, não sei!
Reduz, motorista!
Eu não sei como responder o muro!
Socorro!
Não deu... Desculpe, urbanismos:
Dessa vez, eu não tenho resposta pra você.
Saco...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
um desses que não devia ser publicado
o som que sax tem
piano não tira.
Há algo de sobre-
natural na música. Deixar-se entregar
ao som que existe na existência (tão breve!) do momento:
Tocar(-se).
Tocar uma música é ser completo,
num momento ondular como a vida
Tocar uma música é algo
breve que dói
E sorri
E chora
E morre
E brinca
E...
ah, chega de filosofia!
Vou ali tocar alguma coisa.
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
receita musical
É preciso viver como se toca
uma música romancista:
abusando de rubattos, mas
mantendo o metrônomo em 60bpm.
discussão ideológica entre dois poetas que vivem juntos mas escrevem separados
Se eu acho que falta poesia concreta no mundo?
Acho.
Se eu pretendo dar minha colaboração para corrigir tal falha?
Não.
Por quê não?
Pelo quê d'eu não querer.
Se eu sou sempre assim chato?
Usualmente, sim.
Por que eu não mudo?
Na boa, porque
F
Fo
Fod
Foda
Foda-
Foda-s
Foda-se
não dá um pênis, e não tenho outra resposta pra você.
(Se Gil Vicente pôde, eu também posso! Nem pense em dizer que esse poema é ruim.)
sábado, 20 de novembro de 2010
questões gramaticais
Ha! Ironia singular!
Um caminhão cegonha carregado bateu num carro.
Isso é, no mínimo, um acidente metalingüístico...
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
alergia a frutos de rio / intolerância à lactose
I
Hoje o natal é lágrima,
Vó.
Queria e precisava dizer,
Vó.
Pelas frestas dos dedos ruem
mãos que antes seguravam-se.
Maldita seja, cidade de peixes!
MALDITA!
Hoje, Vó, hoje o natal é lágrima.
II
Se existe céu
(queira deus que exista)
O seu é feito de sorvete (e piruetas de bailarina).
Meu maior problema não é o leite,
Sabe, Vó?
Leite sempre me faltou.
Mas, sorvete?
Cacete de vida, sorvete era a única
Coisa de Vó que eu ainda tinha, Vó!
Cadê você, Vó?
Cadê meu pote de sorvete, Vó?
III
Malditos peixes, cacete de leite:
Saudade de Vó.
Saudade de Vó.
Saudade de Vó.
Saudade,
Vó.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
poema sem nome (por enquanto)
Eu também, não se engane,
adoro um cantinho de unha.
O que mais gostei de sermos iguais nesse ponto,
você percebeu, foi a desculpa que tive para
pegar sua mão.
(coisa de filme, fiquei arrepiado)
E, depois, um almoço.
Quem sabe, o primeiro dos outros?
Quais e aonde serão? E você, toda aventureira
me guiando no caminho que nunca tinha visto!
Ai, ai é só o que digo.
O dia passei e ai, ai.
Estou indo ai, ai dormir.
Sabe, hoje penso que amar
é querer ser um alicate de cutícula.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
ter um filho é uma enorme responsabilidade
Assim mesmo, como você vê.
Não espere que o papai te dê um dicionário:
minha vida passei fugindo deles.
Já disseram que dicionário é pai dos
bobos. Concordo: somente tolos querem definir.
Estão aqui, em você, todos os verbetes do ser.
Sinta, querido, tudo o que quiser sentir.
Só me faça o favor de
nunca sentir os sentimentos que os outros esperam.
Se quiser: ria-se da morte, não sofra de amor,
não busque ser feliz. Simplesmente seja,
meu filho. Derrube os limites que
outros esperam que você tenha, que sei mortos.
Fuja, amor, fuja longe, quando o atrevimento
perguntar quem é você. Seja o que é, não diminua.
Agora, filho, enquanto escreve, papai chora.
Talvez por não saber viver a vida que te deseja,
talvez por duvidar que um dia você aprenda.
De qualquer forma, entenda: é não tendo nada, e sendo tudo,
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
a hora da estrela
naquela cabeça redonda.
Ficaram presos nos anos,
não puderam chegar aqui.
(amen)
As calças eram cinzas,
claramente puídas pelos mesmos anos dos cabelos.
Não pude ver a camisa.
O costume era vermelho,
saudoso dos tempos de bailes
de cores escandalosas.
(amen)
Sapatos? Ha, sapatos!
Quê importam os sapatos
na hora da morte?
(amen)
No fim da ponte da Loefgreen,
sozinho e parado, estava
este senhor.
(amen)
Esperava por algo, talvez.
Devia estar esperando pela amada,
claramente ficada nos anos dos cabelos e das calças e do costume.
(amen)
Finalmente, cansa-se de esperar:
olha pra lá,
olha pra cá - não vem nada -
atravessa.
(amen, amen)
De repente, o ônibus vira a esquina.
As pernas não aguentam a iminência do futuro.
(amen, amen, amen)
E tudo acaba num grande, estrondoso, assustador e cruel
PA.
(amen, não adianta mais)
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Palavrão
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Tranqs, manolo
Ostra feliz não faz pérola - Rubem AlvesSabe, minha vida tem estado tão
tranquila, com tudo indo tão
certinho, que nem tenho tido
nada pra dizer.
Ainda estou vivo, ok?
Mas não tem nenhuma pedrinha
no meu sapato, nada qu'eu precise
resolver no momento.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Sobre a Flor / Poema Fora de Ordem
e de sua beleza,
se atrevo-me a privar-lhe de sua feiura,
do fedor de sua morte podre.
Toda flor carrega em si um quê de morte.
Toda morte carrega em si um quê de homem.
Sê completo, pois, morre!
Ora, flores, lindas que são, também
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Motivei?
Não faça como eu faço; Faça comigo. - Não sei quem é o autor.
as que sabem, e as que não sabem extrapolar.
"Motivação Para Aprender: Como Espantar-se Com,
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Rimei (que rima com Caguei)
domingo, 26 de setembro de 2010
Brincando
(E puxo os cabelos que faltam)
Eia! Eia, papai!
Como é gostoso lembrar
Do cheiro de teu cabelo lavado com sabonete, que sentia
Quando montava em teus ombros.
(Puxa. Não, calma. Puxa mais devagar.
Solta. Opa, corre!
Ele tá soltando muito rápido!)
Bom mesmo era deitar na tua barriga,
Enquanto "assistíamos TV". Sempre gostei
De brincar de respirar junto.
Eia e vai, que ser médico é compartilhar
A solidão num hospital, pai.
Entendia, pai, só pra mostrar interesse.
Que nem você, no diálogo do copo d'água. Lembra?
-Trago...
-Num é trago! É levo!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Índio, volta!
Ah, mas que coisa mais
Bonita esta
Caacó!
Dorme ininterruptamente,
Enquanto vai
Findando todo idêntico e
Grandioso
Hoje.
Índio lá na mata, perto da árvore
Janta. Está, de nós, muito
Longe. Será que quer
Mais para comer?
Não!
Opta
Por
Querer
Resistir a esta loucura:
Sabe, nem
Tudo é necessário. (Sabedoria da mata)
Único, como os dias, entre tantos,
Volta! Chega da distância!
Xenofilia é lei na mata do coração
Zambo, que não gosta de caminho retos, assentados.
Anda, volta logo.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Lugar
Em aula.piu piu piu piu
domingo, 19 de setembro de 2010
-Hoje Não Tem Poema (da minha parte)-
Você veio até aqui
porque queria um poema,
certo?
'Tou com cara de quê?
(Hoje, pelo menos)
não sou puta barata!
Quer um poema?
Pois bem: olhe à esquerda
(sou canhoto)
e passe (no mínimo) 10 minutos pensando
sobre a primeira coisa que encontrar.
Aí está: Um poema
de/pra você.
Espero que tenha gostado.
(Caso não, procure um psicólogo. Sério.)
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Dúvida
Mas fala sério. Sério mesmo!
Nessa coisa louca chamada vida, quem passa(?):
Nós, ou o Tempo?
Talvez o buraco esteja mais pra baixo:
Afinal, o Tempo pensa?
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
wE wish you = a Merry • Christmas • Christmas
tal seria a teoria:
"Quando a tristeza é
ingente, daquelas que
aceleram o pensar
e freiam o tempo,
dor transmuta-se lágrima.
Temos, portanto, que a diferença
entre energia e matéria é
mera questão de
estado de espírito."
For life is simple, after all.
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
No circo
Ah, anos. Já foram tão poucos!
Passaram tão em seus tempos!
II
O passado ainda não vem jantar, viu?
Por mais que convide, ele nunca vem.
III
Interessante a decência histórica do
registro imagético: a primeira a sair do
quadro foi a primeira a esconder-se no
retrato.
Tchau, vó.
IIII
Circo: 3 pessoas esperam o palhaço.
Eu? Não! Sempre tive MUITO medo de palhaços.
IIIII
Nada como o abraço
gostoso e carinhoso de um vô, né?
E a diferença entre vô e vó, sempre me disseram,
é que um usa chapéu, a outra, fivela de cabelo.
IIIIII
Estas fotinhos de formiga são grandes de mais,
depois de 15 anos de armário.
Tempo é fermento, às vezes.
IIIIIII
Fotinho, volte pro armário. Daqui mais uns 15 anos
voltamos a nos ver. Até lá você já vai ter mais histórias pra
contar do que qualquer biblioteca poderia suportar.
Tchau, infância.
Tchau, circo.
Tchau, abraço.
Tchau.
Até (nunca) mais.
sábado, 11 de setembro de 2010
Gramática
Acabo de pensar um poema estupendo.Muitas vezes, é preciso
que saibamos, a diferença entre
estúpido e estupendo
é mera questão lexical...
terça-feira, 7 de setembro de 2010
pôr-do-sol
De vez em quando, tenho
vontade de escrever sobre o pôr-do-Sol.
Sabe o porquê deu nunca ter feito isso? Porque
o Sol está lá fora, não aqui. Se
realmente acho a cena linda, vou vê-la
e vivê-la, não gastar nosso tempo com bobagens.
Então, termino este não-poema convidando:
ao invés de ler sobre o pôr-do-Sol,
olhe pela sua janela.
Agora!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Eu meto, tu metes, ele mete: um poema de meta(!)linguagem.
com que se encerra o vôo de um passari...
de uma toupeira. Isso, o vôo de uma toupeira.
Quer ver?
A toupeira voava.
De repente, achou sua amiga cadela nadando que nem rosa, num deserto
de algodão-doce-líquido.
Mergulhou do céu para o deserto líquido, e nadou junto.
Viu? E tudo acaba quando chega o ponto final!
Genial, não?
E tem também a facilidade em fazer brotar Sol da pedra.
Repare:
Era uma pedra triste: parada, esperava pensando na ponta do porto.
Um belo dia, chega o estivador e lança a pedra no mar
(o bicho tava sem ter o que fazer...).
A pedra chega no fundo do mar e gosta daquele gelado, e daqueles
peixinhos que passam por ela:
fica tão alegre, mas tão alegre mesmo, que começa a brotar Sol dela...
Fala, isso não é o máximo? E eu nem vou colocar ponto final nessa última estrofe,
pra pedra poder ser feliz, e brotar Sol, eternamente.
Só preciso agora terminar esse poema:
(ponto final).
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Pre posições
em + a
na
pro
à
porque não vale
também o
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Cotidiano 4
Há poemas que me aparecem: eu só fico com o trabalho de escrever.
Se você não fosse burro,
era inteligente.
É, isso mesmo. Eu
ficava no meio-termo.
(O poeta ri ao lado)
sábado, 28 de agosto de 2010
Estrofe, Antiestrofe e Épode / Há muito d'Eu na arte
Aulas de metacognição podiam ser tão mais bacanas...
-Ah, seu puto! Como se atreve?
Para, para agora!
Não escreve o que eu 'tou falando!
Chega!
CHE-GA!
Por que você faz isso, seu cachorro? Já cansei
de ver você me vender que nem fruta estragada.
Ou você para ou eu te deixo. 'Tou falando sério!
-Olha, consciência, me desculpa
-AAAAAAAAAH! EU NÃO ACABEI DE FALAR!
E é muito bom que você não escreva em maiúscula pra que todos saibam que eu gritei.
Seu desgraçado, já escreveu, né? Cacete! Quero minha privacidade!
Você mudou, saco. Não é mais o mesmo...
(Silêncio)
-Posso?
-Ah, fala. Cansei já.
-Então, Dona Consciência... A Sra. me desculpe, mas é que eu
acho tão lindo o que a Sra fala...
Sim, mudei mesmo. Antes não percebia o quão bonito era tudo isso que você é...
Agora que reparei, não posso deixar de compartilhar tudo com o mundo.
Desculpa.
-...
Você me acha linda?
-Acho! Muito. Só não é mais linda do que as coisas sobre as quais pensa.
-É, eu penso coisas muito bonitas mesmo, né?
-Então! Todo mundo devia ter a oportunidade de ver isso, não?
-É, devia...
(Silêncio)
Tudo bem. Entendi. Aceitarei isso como um elogio. Pode continuar escrevendo.
Obrigada.
(Sorrindo, levanta levemente a saia, enquanto dobra os joelhos. Que nem naqueles filmes de antigamente)
(Risos)
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Enciclopédia
Há coisas que não entendo, nem quero.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Aluno
Minha professora faz perguntas meio estranhas...
Quem é você como aluno?
Respondi da melhor forma que pude:
Daniel Nascimento, registro acadêmico: 822.
Ah(!) se tivessem me perguntado quem eu era como pessoa
com interesses e vontades de saber...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
in ter ação
observando plantas logo ali,
quê tão atencioso observas, homem?
Estás duro, parado, quase assustado.
As plantas são tão lindas, ou os olhos estão mortos
esperando o ritmo do pensar que corre?
Tens uma sacola aos pés. Por quê?
Quê diabos carregas escondido, e soltas ao chão
perto desta árvore, destas plantas, destes olhos e deste homem?
E eu? Será que há alguém a ver-me, questionando o porquê d'eu estar
a olhar-te? Será que questiona quê carrego na mochila? Será que indaga
sua beleza ou meu raciocínio?
Momento sublime de observações múltiplas.
Estamos todos parados, ainda que andemos, a olhar outra coisa.
É verdade, não nos enganemos, que estamos apenas olhando-nos a nós mesmos.
Como sempre, estamos olhando a humanidade
que carregamos por dentro.
Na planta, na árvore, na sacola, no homem, na mochila, no jovem, no andar.
In ter agimos, assim, homens que somos;
vemo-nos.
E somos.
domingo, 15 de agosto de 2010
E antes da vida, mãe, quê que tem?
O engraçado da vida é que,
Quando vencemos seus desafios,
Estamos vencidos pela morte.
II
Melhor que o maior desafio?
Outro desafio maior ainda.
Ter o rumo certo, sem dificuldades,
É marchar ao próprio túmulo.
III
Existem pessoas que não estão prontas para andar por labirintos:
Pegam atalhos.
Suicídio.
IIII, porque eu quero assim.
Where should I go? There
Are so many walls around me!
What a joy is it not to know what
Awaits me(,) come the next corner.
sábado, 14 de agosto de 2010
Morada
Cá estão minhas paredes, abertas para mim. Quem penetra minha
fechadura?
EU:
É aqui que durmo.
É aqui que como.
É aqui que me banho.
Ah, você pergunta sobre meu lar? Não,
ainda não tenho forças para segurar as vigas de um. O meu ainda fica sob
sua saia. Ficará aí por mais algum tempo.
O tempo e a vida cuidarão de, um dia, fazer surgir
da lagoa
um Lar que eu possa sustentar com um outro alguém.
Por enquanto, mamãe, você segura a saia sobre minha cabeça; papai
segura você; eu apenas existo (realizando meu papel eterno),
segurando vocês dois.
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Brincando
Da porta da igreja, a beata grita:
Menino, para de brincar e vem pra dentro.
Coitada: Essa vai pro inferno.
Deus não vê com bons olhos aqueles que atrapalham o brincar de infantes.
(Ao menos é assim que desacredito como seria um Deus.)
Acontecer
sentimentos; momentos;
acontecimentos; falecimentos;
balas de mentos; eteceteramentos,
acho que vou aprendendo a
poematizar tudo da vida.
Mas, não sei. Talvez esteja só
(endu)vida(ndo) a poesia. E
isso seria bastante
des-po(ta)-ético de minha parte.
Ah, acontece(r)!
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Debate Ideológico Sobre a Correta Grafia do Cu
Eu avisei!
Cu. É assim que a gramática manda, cu. Tem gente que acentua, cú. Tem gente que exclama, CU. Tem gente que tenta ser educada, ânus.
Pois eu digo que cu devia ser có. Talvez c°´. Em último caso, c||î||. Veja bem, tudo tem explicação: acho que os cós (assim grafados daqui pra frente) deveriam ser escritos com o. Claro! O có não é redondo, ó raios?
Não obstante, adiciono o acento. Claro, de novo. O có fica tão pertinho do assento, mas tão perto mesmo, que chega a ser uma estupidez não acentuar o bicho. Além disso, o có tem a função de expelir fezes, mas também pode ingerir as mais diversas coisas. Oras, usemos o sinal gráfico para demonstrar tal movimento! Do cu, ninguém vê nada saindo ou entrando. Já do có...
Mas se for para fazer a representação gráfica, talvez, a melhor grafia seja mesmo c||î||. Tá vendo? Tem as perninhas, a bunda, e algo ali por perto. Não dá pra saber se esse algo vai entrar ou se está saindo, mas está ali. E não importa se entra ou sai, já que fazer sexo anal é defecar em módulo. Então, fica no eles por eles. Inclusive, cabe o parênteses, o uso do i também colabora na sonoplastia da coisa toda. Mas isso é dos detalhes o menor.
Bom, encerro por aqui meu discurso. Fica, assim, publicada minha singela colaboração para o importante debate acerca da melhor forma de evolução da língua portuguesa, tendo em vista o avanço artístico e (anti-)concepcional da contemporaneidade.
Obrigado.
sábado, 7 de agosto de 2010
Já Que Deus Inventou Só O Dia E A Noite. (Faltas)
Dinheiro, computação;
Automobilismo, (do petróleo) extração.
Tempo.
O homem não é bom em inventar coisas:
É excelente em perder o controle
Sobre as coisas que inventa.
D'onde vim, P'ronde sou.
É difícil saber quem ficamosEntre homens que andam em círculos,
Entre círculos que sabem-se convexos,
Entre convexidades que malexistem:
Cá estou.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Relendo Quintana 2
um outro Senhor, este
Ele fica passando a mão na minha nuca,
eu chacoalho pr'ele sair. Não sai.
Jogo água fria no meu rosto, parece que ele tem medo disso:
afasta-se. Logo volta.
Opa! Quê que aconteceu?
-Ah, Senhor sono, deixe-me assistir esta aula em paz!
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Pássaros (sobre o suicídio)
pássaros são homens. Ponto final.
Só ficamos diferentes quando
chega a puberdade. Explico:
Os pássaros vão sentido uma coisa,
um calor, um fogo!
Aí eles percebem que tem asas
e explodem à vida,
felizes, felizes.
Os homens vão sentido uma coisa,
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Relendo Quintana
Hoje, de pouco em pouco,
Vejo-me acompanhado por este Senhor de
Modos polidos. É vestido de padre, e tem o semblante sereno.
Ele fala sobre tantas coisas!
Certas reuniões familiares, velórios,
Feriados chuvosos, passeios longos pelo trânsito de São Paulo.
Não vou mentir: estou querendo que este Senhor vá pra longe
De mim.
Fiz algo a este respeito.
-Excelentíssimo Senhor Tédio, por favor, dê-me licença. -Disse.
E continuei:
-Perdoe-me, mas, agora, vou escrever um poema. Voltamos a conversar depois que eu tiver acabado!
Cacete de Senhor chato...
Lá vou eu me encontrar com ele de novo...
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Sol
inverso oposto
segunda-feira, 12 de julho de 2010
dormir
de São Paulo, há 8 horas.
É inverno, isso dá mais que meia-noite.
Por onde vejo, prédios dormem,
apagados. Mas há espanto! Uma luz
acorda.
Por quê?
O andar é ansioso esperando a volta do filho?
O correr é assustado pelo filho que está nascendo?
O insone denuncia a loucura da rotina?
O festejar cansou, hora de cama?
Não sei, mas questiono.
E a luz ao lado, que ainda dorme?
Se sonha, sonha como?
Se não sonha, por quê espera?
Se há vida, como pode a luz dormir?
Se não dorme, será que está morta?
Não sei, mas indago.
E a noite corre.
E a imaginação corre.
E histórias são narradas na escuridão iluminada do sono dos prédios.
Há tanta poesia na noite de São Paulo,
mas tanta mesmo, que nem adianta tentar
escrever mais sobre isso. Quanto mais buscar,
menos terei feito.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Vem
Vem dançar um tango (ou um jazz) estático.
Vem esquentar meu leitinho.
Vem ser minha hora de dormir.
Sejamos nossos, em um momento sem posses.
Sejamos felizes, na vida e na morte.
Sejamos doces, agora, no instante.
Sejamos fracos, se assim quisermos.
Bebamos o sangue de nossas vidas.
Comamos a carne de nosso ser.
Comunguemos o existir(,) antes(,) que(,) não(,) mais.
Façamos um caldo de gente: entrega-lo-emos ao mundo.
Vivamos o pouco que pudermos ser.
E sorriremos.
E seremos.
E nada mais importará. (Pra quem? Não sei: não me importo)
Isso é viver.
Isso é amar.
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Doação . Dôa . Doá
Verdadeiro do mundo. Invejo o homem que dá o que não tem.
Sim(!), o que não tem. Isso só pode ser dado pelo homem
Que nega uma divindade (como todas) escravizadora
E usurpadora. Falo do divino dinheiro. Santos cifrões!
Fácil para mim distribuir comida: estou bem alimentado.
Fácil doar roupas: não sinto frio.
Fácil doar brinquedo velho: já me diverti o suficiente com ele.
Agora, se passasse (se) fome, daria comida para
Outro esfomeado? Passaria frio negando a roupa
Que não tivesse? Seria feliz ao abrir mão do brinquedo, alegria
Alheia?
Nisto, pelo menos, não sou hipócrita: a resposta é NÃO!
E ponho-me em prantos.
Deus, se você existe, ouça esta oração* calada e miúda: permita-me negar
Toda essa adoração faz-me
pequeno,
mata-me,
por dentro.
cansei!
que assim seja.
(fiz certo?)
*Sim, sou hipócrita de quando em quando.
domingo, 13 de junho de 2010
Crime: assassinato - Arma: palavra - Local do crime: corpo - Causa mortis: desconhecida pela ciência
Ô mãe!
Fala, filho!
Posso falar?
Falar o que, filho?
Num sei! É aí que está...
Está o quê, menino?
Num sei também. Acho que é o problema.
Problema? Qual problema?
O do tamanho das palavras! Elas são pequenas de mais para tudo aquilo que quero dizer. Tão pequenas que eu acabo nem sabendo quê quero dizer. É que isso não cabe em palavras, entende?
Meu corpo, ele é maior que toda essa coisa fedida chamada homem, mãe! Não, não o corpo. EU! EU sou maior que isso.. Sou tão grande que nem sei quê sou.
Ser homem falante me mata, mãe. Talvez a morte deste corpo me permita grande, não sei...
Ai, meu Deus! Você vai se matar?
Nossa, mãe! É isso que você tira do que te falei?
Por quê? Não é isso?
(PORRA DE MULHER IGNORANTE!)
Não, mãe, não é isso...
Ah, então tá bom... Que susto você me deu, menino!
(Ainda acho que ele vai se matar... Depois eu ligo pra Arlete e vejo quê que ela pensa...)
(Nada tá bom... Nada tá bom...)
É, tá bom, mãe. Tá bom...
sexta-feira, 11 de junho de 2010
sobre a literalidade e tantas outras coisas
Meu travesseiro tem escritos
que sempre deixo alinhados.
Claro! Se ficarem ao contrário,
terei sonhos de cabeça para baixo.
Se bem que travesseiros sempre colocam
a cabeça para cima, né?
...
Literalidade é uma bosta!
Matou o poema que mal começou a nascer.
E esse ia ser dos bons...
Saco!
quarta-feira, 9 de junho de 2010
céu minúsculo
zombassem de mim:
passam pelos ares
gozando o vôo que, sabem,
nunca terei.
criança, desejo pegar o
céu. tudo me parece tão
fofo e azul! ah, um dia pego. oh, se pego!
pego e mordo, rasgo, acaricio:
jógo um jôgo
de acentuar o vento.
sempre que vejo o céu
(mas quando vejo de verdade: visão de infante)
sonho em esticar a mão e apertar um
pedacinho daquela maravilha.
e aí, no meio do delírio do alcance
me rasgam a vista os pássaros. indolentes!
não invejo homens e suas posses
brilhantes, ou suas mentes gigantes,
ou suas eloqüências falantes. invejo,
sim, pássaros.
terça-feira, 8 de junho de 2010
outro para duas horas de leitura
sustentada na mentira da vida.
Oras, mas a arte não é criada no entendimento da vida?
Não! A vida é que
interpreta,
entende,
estraga,
a arte.
domingo, 6 de junho de 2010
antigo/novo
sem nenhuma ligação uns com os outros? Ah,
é tudo livremente editado por
várias pessoas? Os textos são
de confiabilidade duvidosa?
Wikipedia, sinto dizer: você
é apenas uma cópia da bíblia,
com outros temas...
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Medo
eis o desejo. Poder amar sem
limites, sem tempo. Amar de verdade:
amor não disputa, amor não age -
amor ama.
O medo é simples: ouvir que está com ele.
Não há problema! Também está - sempre esteve
- comigo. Não ouse fingir o contrário.
Por favor, não ouse.
E, talvez mais importante ainda, não abra mão do
resto. Não fuja de mim, e não escape deles, nem delas.
Seja completa, pois assim te amo. E, se o resto discordar,
lembre-se: "uma coisa é gostar, outra é amar.
Bem longe delas está o dominar."
Pelo menos é isso que penso.
domingo, 30 de maio de 2010
Perfume
me passa, maldito seja.
A lágrima quase escorre, anunciando a dor
que nunca deixei de ser alegre.
O perfume dos risos e desejos,
ao voltar, anestesia. Quê fazer? Deixar
que me deixe ficar, talvez. Jogar-me
no tempo que todos dizem e
não cura (a ferida que não posso curada): queima. Eis outra opção.
II (o exorcismo)
Assim como não tratamos um Demônio, não
direi nomes, Letícia. Temo exorcisar-me de mim.
Os medos com nome somem mais facilmente.
Não quero que suma, Letícia. Não te direi o nome, Letícia!
Como memória, a voz de Cristo ordena, fique neste corpo,
Letícia!
E basta deste paradoxo por hoje.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Arquitetura (versão pessimista)
Os telhados, ao cobrirem casas,
cobrem muito mais que vidas.
(?!)
II
Em sincronia crescem:
a tonta vergonha humana;
o número de paredes e barreiras nos banheiros públicos.
III
O elemento mais poético da casa
é, sem dúvida alguma, a porta.
Abre-se e fecha-se.
Pessoas entram, pessoas saem,
pessoas ficam do lado de fora
passando fome
(é, ninguém pensa nelas).
A porta é linda.
(?!)
IV (mas eu prefiro IIII)
Janelas foram feitas para serem
abertas. É preciso permitir que o
mundo passe por elas.
Mas, se o esfomeado passar na sua frente,
feche-a. Não queremos nem a imagem disso dentro de casa.
V (IIIII)
Sabe, costumo ter nojo de ser
esta coisa cerumenta
chamada ser-humano.
Quero ser louco(!):
uma casa sem telhado, com banheiros sem paredes,
portas sempre abertas, e janelas sempre
ridiculamente arregaçadas.
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Cidade Grande
Pois bem, nessa de me espantar diante do banal, estou sempre exclamando pela rua: "Olha, que flor linda."; "Cacete, que pôr-do-Sol maravilhoso!"; "Nossa, olha a vista que tem aqui..."; "Haha, que engraçado este inseto.", e por aí vai. A cena interessante que comentei é essa: sempre que faço isso, sou confrontado com a fala: "Tinha de ser da cidade grande!". Fascinante, não? Nessas, acabo sempre me esquecendo da coisa que comentava, e começo a sentir pena da pessoa que deu essa resposta... A coitada - eufemismo pra fudida - da pessoa simplesmente não consegue ver a beleza que eu vejo. Pobrezinha!
Agora, cá entre nós, sabe o que eu tenho vontade de responder quando isso acontece? Sinto uma enorme vontade de falar: "É, cresci na cidade grande mesmo. Mas, maior ainda, muito maior que qualquer cidade grande, é o que carrego aqui dentro; é a vida para qual devo satisfações; é meu desejo de alegria; é a ridícula, imensa, beleza desta coisinha banal do interior." Não falo porque sei que isso ofenderia a pessoa. Ela pensaria que, se eu me digo grande por ver algo que ela não vê, ela é pequena. E ninguém gosta de ser lembrado sobre o quão pequeno realmente é... E o pior é que somos, na verdade, muito pequenos.
Sonho com um mundo onde minhas exclamações de espanto pudessem render horas e horas de conversas tontas sobre coisas tontas. E isso tudo seria maravilhoso. Mas não: o tonto é tonto, ponto final.
C'est la vie.Ou, pelo menos, o que fizeram dela.
É pena...
terça-feira, 25 de maio de 2010
la vie en rose
sábado, 22 de maio de 2010
Copos
O dia começa, ainda é
cedo: há homens nas ruas,
e os copos.
E os copos levantam.
Com café e talvez leite,
uns estão mais inclinados que outros,
e os copos.
E os copos levantam.
O trabalho espera enquanto a cama chama:
é preciso energia para suportar a vida,
e os copos.
E os copos levantam.
Estão pelas padarias,
estão pelos bares,
estão pelos botecos.
Não estão na mesa dos ricos:
ainda dormem,
e os copos.
E os copos levantam.
Bom dia, São Paulo!
Levanto meu copo com você.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Cotidiano 3
nem do que tem em casa,
cê acha que ele ia ter arrumado
uma amante...
Magine!
Oxe...
segunda-feira, 17 de maio de 2010
uma qualquer
As mãos calejadas, os olhos doídos,
as pernas gastas, os cabelos sujos.
E ri, e canta, e samba, e cria,
e vive, e ama, e vibra, e transa.
Ô cacete de mulher bonita(!)
esta
que passou por mim
hoje.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
sobre o Tamanho, os Passos, a Existência, o Corpo e o Sapato
Passos duros e largos
levam o corpo ao longe, sem
saber onde chegar.
O corpo é grande demais, tão
grande que não caibo em mim.
O corpo é pequeno demais, tão
pequeno que em mim não cabe.
É hora de viver! Morte, aproxime-se!
Sim, morte: é por medo dela
que apenas existimos com nossos passos
duros e largos, mas não sabemos onde chegar
com a pequena grandeza do corpo.
Cansei de existir.
Que venha a morte!
Agora, quero viver.
II
Vivemos assim como temos sapatos: sempre
evitando a falta.
Por pensar no preço do sapato, fingimos não saber
que a única razão de vida dele é ser andado até seu fim. Evitamos
o barro, evitamos o roubo, evitamos a chuva, evitamos o corte, evitamos o desgaste.
Quando nos damos conta, o tempo passou e o sapato não foi nem meio andado.
Isomericamente, fingimos não saber
que a única razão (natural) de nossa vida é viver.
Economizamos a sola de nosso ser:
pomos a vida em caixas e evitamos
o barro, evitamos o roubo, evitamos a chuva, evitamos o corte, evitamos o desgaste.
Quando nos damos conta, morremos sem termos vivido.
III
Cansei de existir.
Que venha a morte!
Agora, quero viver.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
pisar na grama
Quando andamos, muitas vezes acontece, a
calçada vira à esquerda, mas queremos ir em frente.
Quando sabemos onde queremos chegar, é
preciso que aceitemos, acabaremos pisando na grama.
Que Deus nos desculpe, mas pisaremos...
Comme ça, c'est la vie, mon ami.
Escola
o travesseiro beija a nuca,
só o que me sobra é
o eduçacão que recebi na escola.
A vida é tédiosa? Agradeça,
com muito carinho, a todos
os seus educadores.
Agora, se o dia foi legal, não duvide:
hoje, hoje não teve aula.
sexta-feira, 30 de abril de 2010
Caros Leitores,
Inicialmente, quero saber o que vocês pensam sobre a possibilidade de que eu venha a publicar um livro impresso. Para responder a esta pergunta, sugiro o seguinte: classifiquem a postagem seguindo a legenda:
Ótimo = Publique um livro dos poemas que já estão aqui;
Bom = Publique um livro de poemas inéditos;
Regular = Misture os publicados com alguns novos;
Péssimo = Não publique livro nenhum. Continue apenas com o blog.
Em segundo lugar, um pedido: por favor, lembrem-se de opinar sobre os poemas que vocês lêem! Sei, por sistemas de coletas de dados de tráfego, que este blog é acessado por algumas poucas centenas de pessoas, de vários lugares do Brasil e até alguns outros pelo mundo. Porém, o retorno que tenho é mínimo. Pode não parecer, mas o simples fato de clicar em uma das opções aqui em baixo já ajuda muito quem escreve como eu.
Em terceiro lugar, abusando um pouco da boa vontade de vocês, pedir também que deixem comentários. É interessantíssimo saber como um texto atinge as pessoas. E, aí, não é só a mim que isso interessa. O espaço dos comentários é muito bom para trocar experiências, sentimentos, frustrações, etc. com outros leitores e com os autores. Experimentem, não só aqui. Grande parte da graça da chamada Web 2.0 está nessa possibilidade.
Finalmente, quero esclarecer uma dúvida que surgiu em algumas pessoas recentemente: meu blog TEM licença de uso, é registrado pela Creative Commons. Tudo o que é publicado aqui pode ser copiado, colado, e editado. Só peço que respeitem a autoria (com meu nome e um link para o blog), e que NUNCA se faça uso comercial dos meus textos e imagens. Para mais detalhes, vocês só precisam clicar na imagem da CC que fica na barra da direita aqui do blog. Lá vocês encontraram até um código HTML que facilita o trabalho de citar a autoria.
Bom, era isso o que eu tinha para compartilhar. Agradeço a atenção, e peço desculpas pelo possível mau uso do espaço. Pretendo não voltar a fazer isso tão cedo.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Recomeço
tudo é único, se
o rio nunca é o mesmo,
não há recomeço.
Tudo nasce, existe, morre.
Amanhã, outra coisa nascerá, existirá, morrerá.
Para onde vai o tempo que passa?
Quem sabe? Só temos o hoje, para fazer o novo.
Nunca fazemos de novo, sabendo o ontem já morto.
Nada é retorno. É tudo sempre o simples espanto de
ser.
Tome isso cara amiga: invente a vida a cada dia.
Seja, conquiste, cresça. Viva, sempre o novo.
Nunca tente de novo. Isso
seria inútil.
Acta est fabula
by will, by heart, by life.
All is said. Nothing is understood.
All is tears, and yet we smile.
All is gone, but nothing ever left.
Love is like this, I guess:
the pursue, the wishing, the caring,
the emptiness inside us being filled.
Then, one day, the emptiness grows:
it`s over: I love you, but don`t.
Who am I to say anything?
Maybe, I`m the only one capable of saying something, maybe not.
Only time will tell...
Only time, the great friend, will tell.
By now, acta est fabula.
I love you, but don`t.
Bye, good friend. I wish you
nothing
but the best.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Se fossem
suspiro: a chuva que sobe do concreto quente no fim da tarde.
O Sol e seu
calor: poros amados para serem lidos em braile.
Um sorriso e outro
choro: sorrir de tanto chorar, e chorar de tanto sorrir.
Caros crentes, se fossem, estes
seriam meus deuses.
Mas não são.
Aceitem: não tenho deuses.
Vivo apenas vidas.
Apenas vivo vidas.
Vivo vidas apenas.
Por quê complicar?
Madrugada
Lá fora, vejo pela janela,
tudo é nuvens, sombras
e formas pouco definidas.
Cá dentro, sinto em meu peito,
sou gêmeo à madrugada.
Os cientistas e a experiência
confirmam: em 18 minutos, o Sol
haverá aparecido novamente.
E eu, quando voltarei
a ter uma luz para
alimentar minhas plantas?
terça-feira, 20 de abril de 2010
Interfone no fim de tarde
fedidos: sujos.
Assim estávamos. Porém,
do amor faz-se o belo
e, na loucura vespertina, nada
importou senão o toque.
Qual delícia ouvir o som do interfone,
correr, te encontrar. Não importa como,
só importa que pude te amar.
Inclusive palavras trocamos,
palavras de dúvida e confusão.
Foi só o beijo começar, foi
só o toque acontecer, para que
nenhuma palavra mudasse nada.
Nos resolvemos e nos encontramos
na delícia louca do amor.
Interpretação? Não, não, cara amiga:
isso é mesmo estimação.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Para cima!
Vamos, vamos!
Para cima!
Assim crescem as árvores:
sempre para cima(!).
Por que será?
Quê diabos elas procuram tão
alto lá no céu?
Os biólogos costumam dizer que
está tudo relacionado com hormônios e Sol.
Eu prefiro acreditar que é a busca
eterna pelo novo, pelo desafio.
Se estiver certo, as árvores não serão nada
diferentes dos homens.
Nós também, descontentes com a simples
alegria de ser, precisamos crescer e descobrir,
sempre indo para cima.
Não podemos aceitar nosso tamanho e nossa humanidade.
O natural do homem virou negar a naturalidade,
sempre querer mais.
Na natureza, não basta ser verde:
é preciso ser verde e alto.
Ou, pelo menos, é assim que pensamos,
nós e as árvores.
Para cima!
Vamos, vamos!
Para cima!
sábado, 10 de abril de 2010
Política
fato de sermos governados em um
sistema Foderativo.
Assim mesmo: com F maiúsculo.
Quase poema de filosofia
Humildade é o não reconhecimento de sua própria grandeza.
Os pequenos não podem ter tal sentimento.
Humildade é a coisa mais arrogante do homem.
Por isso, sou foda.
E você,
É humilde?
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Não acredito em deus (mas isso não o impede de acreditar em mim)
Com Chuva, lavamos almas.
Pena que os homens aprendem tão
bem sobre a importância de lavar as roupas,
mas se esquecem da delícia que é lavar as almas.
II
O que adoece é ficar em casa.
Para resfriados, um bom descanso e
um carinho já bastam.
III
Todo poema é um grito de deus.
Sendo todos surdos, existem pessoas
que conseguem sentir gritos com o
resto do corpo.
Estas pessoas recebem o nome de
Poetas.
IV
Maldito seja aquele que inventou
os minutos.
Por mim, o tempo deveria ser
contado em sorrisos e choros.
Foi isso o que deus gritou para mim
nesta manhã.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Poema de (pelo menos) 2 horas de leitura
quarta-feira, 31 de março de 2010
Alberto Knox
um romance cavalheiresco.
A mocinha se inclinou,
e no mocinho deu um beijo.
Num quarto com cara de sexto,
o dia passei a procurar.
Ela disse que me encontraria,
antes que fosse embarcar.
Não encontrou-me, parti.
Parti para na segunda voltar.
Por favor, não mais vacile,
venha logo e me alcance:
o mocinho quer namorar.
Será tão dificil entender
que, às vezes, precisamos ir,
ao invés de esperar chegar?
terça-feira, 30 de março de 2010
Cotidiano Virtual
Não exatamente o bumbum
Mas, sim, estou com dor.
Tem que se odiar um pouquinho pra ser homem e subir no monociclo...
Sei.
Prazer!
hahaha
quinta-feira, 25 de março de 2010
Meu Amor
Dói,
“meu amor”.
A menina mais linda do Brasil,
“meu amor”.
Machuca,
“meu amor”.
Ver meu amor preso,
“meu amor”,
está preso no corpo vivo.
Vivo sem a vida do meu amor.
E meu amor
nem sabe quem ama:
não lembra do amor,
“meu amor”.
Morreu.
Esqueceu até de aceitar isso.
Não lembra mais de mim?
“meu amor”
Não lembra de seu marido?
“meu amor”
Suas filhas, que tão bem te querem,
“meu amor”?
Não lembra?
“meu amor”
Dói, dói muito,
ser o seu amor inerte, dúbio, estranho.
Me odeie,
“meu amor”.
Não ia doer tanto
saber ser odiado de verdade.
Só peço que um dia saiba,
“meu amor”,
do amor que lhe tivemos,
“meu amor”.
Que não tenha sido em vão
o sofrer apaixonado.
Que não seja esquecido
o amor talvez sabido.
Que tenha sido sentido
o Natal que morreu ao seu lado.
Papai Noel? Traga minha vó...
Fique com este,
que já não pertence.
"meu amor"
As madrugadas acordadas,
"meu amor",
que sempre escuto e não entendo.
Por quê, meu amor, por quê?
"meu amor"
Assim fomos feitos,
"meu amor",
nascemos; vivemos; morremos; esquecemos.
"meu amor",
repare: você errou a ordem.
Certa vez,
"meu amor",
você me agradeceu:
"meu amor... obrigado,
obrigado,
obrigado".
De nada, meu amor.
De nada.
Agora, vá,
"meu amor",
já é tarde:
durma bem.
Meu amor,
Te amo.
quarta-feira, 24 de março de 2010
De Pêssego, Por Favor.
com tantas pizzas amargas
e tanta fome rodando no forno,
aparece o pêssego em suco.
Em SUCO, meus Deus!
um pêssego, em suco...
A maçã eu até aceito, mas
o pêssego! já é muito.
Só falta agora que alguém
faça uma fruta de laranja...
Aí o absurdo será fatal.
sobre os Olhos da mulher amada
não conhece barreiras,
mas conhece o amor por amar:
Não precisa ser recíproco,
Não precisa ser de posse,
Não precisa ser eterno,
Não pode ser adjetivado.
Por isso escrevo dos olhos
que dizem Olá!
(E que são poliglotas)
Porque eles me tomam;
me levam; me deliciam;
quase me prendem,
não se atrevem.
Como olham fundos
esses olhos verdes,
sempre pequenos pela luz
e gigantes pela vida.
Como gritam os meus olhos
ao vê-los, os olhos que chamam Olá!
Ó lá, amor. Ó lá com
essa imensidão que tens
como lentes.
Ó lá, como amo seus olhos
na metonímia do amar.
Ó lá, Olá!
(Agora, em inglês)
segunda-feira, 22 de março de 2010
Cotidiano 2
aqui é 16 real, né?
Isso...
(Olha a plaquinha)
Dezesseis reais e cinquenta e nove centavos.
Ah...
(Continua analisando)
E aqui tem 12
latinhas, né?
(Conta: três colunas, quatro fileiras)
É, são doze.
Tá baum, então.
(Sai de cena)
[Enche a cara]
{Espanca a mulher}
Fim.
sábado, 13 de março de 2010
Aconteceu
chorando a frustração romântica
maior da minha vida.
Ela não é quem eu pensava.
Ela mente, engana, "acontece",
eu choro.
Não quero mais falar
sobre este assunto.
terça-feira, 9 de março de 2010
Sem Antíteses Nem Paradoxos
e contra o pornô,
homens, saquem seus pênis;
mulheres, balancem seus peitos.
Contra o depravamento
e contra a pouca vergonha,
todos, masturbem-se
todos, mas juntos e em praça pública.
Contra a má-educação
e contra a falta de classe,
vão todos à merda,
ou ao caralho que te parta.
Pela vida leve
e pela alegria,
sejam felizes:
Derrubem máscaras,
(mostrem quem são)
Derrubem espelhos,
(olhem com carinho para o próximo)
Derrubem preconceitos,
(e também os conceitos)
Derrubem adjetivos,
(os de comparação)
Derrubem substantivos,
(especialmente o puta)
Derrubem tiranos,
(comecem pelo maior, derrubem Deus)
Derrubem tudo.
Amem
segunda-feira, 1 de março de 2010
Pensamentos Infantis
Ô mãe!
Cocô é sujo?
É filho, por quê?
Então tem que lavar a mão
quando pega nele, né?
É filho, mas não pega não.
...
Ô mãe!
Se quando a mão tá suja a gente lava,
por que é que a bunda a gente
limpa?
Porque...
É, sei lá, num é o que a bunda faz?
Passa o dia segurando cocô?
II - Sobre o tempo.
Ô mãe!
O relógio gira
ainda, ou de novo?
De novo, filho.
Mas então, por que é
que hoje sempre é hoje?
O hoje de hoje é diferente
do hoje de ontem?
(Como é que é?)
É filho, sei lá!
...
Ô mãe!
Se o hoje é sempre hoje,
quando é o amanhã?
Depois do meio da noite, filho.
Mas aí não é hoje?
Hoje de novo, ou hoje ainda?
Ai, mãe! Eu não tô entendendo
nada!
(E eu então, cacete)
....
III - Sobre a beleza de ser criança.
Ô mãe!
Posso ir jogar videogame?
Pode, filho.
Brigado, mã. Te amo.
(Eu é que agradeço!)
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Declamação
uma só palavra.
não se interprete ao outro
o que a si próprio se foi interpretado.
não se fale do poema
uma só palavra.
a menos que se fale sozinho,
não se fale do poema
uma só palavra,
aprecie-se as letras em solidão,
como se na masturbação mais desesperada.
II
Poemas são escritos;
Músicas são cantadas;
Filmes são projetados.
Poemas são escritos.
III
O poeta escreve, mas poderia
gravar em rolo,
LP, fita-cassete,
CD, DVD, Blu-Ray.
Não grava porque quer
ser lido,
não declamado.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Feijoada
mulher, neste nosso país de
mulheres inventadas.
É uma vovó, agradável
como poucas. Passou sorrindo,
e fez todos sorrirem.
Além de deliciosa, a vovó também
é preta, de um preto maravilhoso de se ver...
Conclui-se:
ela é a
mulher feijoada.
(Será que todo domingo
alguma família se reúne
só para estar junto
desta beleza?!)
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Viver
eu não posso fechar a cortina.
Não posso, e explico:
Estamos, os dois,
presos no ônibus.
O resto do mundo
está passando por esta janela.
Estamos, os dois,
nesta conversa enfadonha.
Lá fora, quê será
que estão conversando?
O que tento dizer,
caro amigo,
É que não posso perder
a chance de realizar
a experiência mais orgásmica da vida:
viver.
E o que é viver, senão observar
a existência, como um telespectador
inócuo,
e burro?
Então, grande amigo
que acabo de conhecer,
lhe convido:
venha viver comigo;
venha olhar pela janela do ônibus.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Ia passando alegremente.
em meu corpo.
Quero sangue. Sangue
pelas calçadas.
Quero sangue. Sangue
pelo ar.
Quero que a vida pulse, com sua ferida helicoidal;
Quero que a cidade vibre, como no momento genial;
Quero que os campos pasmem, na rotina bestial;
Quero que a gramática se assuste, ao chegar no ponto final.
Quero sangue para matar
minha sede de sangue.
Quero morte para agitar
meu coração moribundo.
Quero agito para ir
à puta que nos pariu.
Resumindo: quero apreciar
a beleza e o perfume
de um lírio.
O Copo
ou meio vazio?
Indagou o filósofo.
Seja como for,
o fato é que há espaço para mais cerveja.
Disse o bohêmio.
Eu? Só gostaria
que não me enchessem
o saco...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Elefantinhos
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Amanda
Brandão
Das Dores
Garbin
Paim
Rodrigues
Silva
Caramba, quantas
Amandas conheço!
II
Amanda...
puta nominho parecido com
amando.
Mera coincidência?
Talvez, mas,
já diria o ditado,
qualquer coincidência é sempre mera
semelhança.
III
Houve uma
Amanda
que me marcou:
Tinha um sorriso lindo; Olhos
tão quentes que não pude
olhá-los por muito; um carisma
do tipo raro de encontrar; cabelos
maravilhsos... uma pessoa
digna de se amar.
IV
É medicina que
você estuda? Veja,
então, meu coração.
Tenho sentido algo estranho ultimamente.
Acho que entre o átrio esquerdo
e o ventrículo direito
não coube sua imagem.
Mas não aceite meu diagnóstico!
Cheque, de qualquer forma. Encontre-se
lá. Esse é o tipo de coisa que
não está em nenhum
Gray's Anatomy.
V
É Àmanda que
estou amando?
Alguma Amanda aí
faz psicologia,
pra me ajudar a
responder essa?!
domingo, 24 de janeiro de 2010
Ypê Amarelo
o símbolo da nação foi
o pau-brasil.
tanto fizeram que a
madeira se extiguiu.
o Brasil?
virou o país do futuro...
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Manchas da Memória
grita a plenos pulmões:
-Um corpo passou por aqui.
A memória do corpo sobrevive
nesta mancha que foi lavada
mas não largou:
prendeu-se à fronha,
para ser lembrada.
Veio de um lápis, destes
que não desenham papel. Destes
que tentam, em vão, embelezar
os olhos da mulher amada.
Tais olhos são lindos por serem o que são.
Pinturas não importam.
E, agora,
no abandono,
corpo
e coração
doem por ver a
mancha que não teve a coragem de
fugir.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Papel de Parede
Poesia Urbana
Madrugada
quando lembrei-me:
hoje é 1º de Janeiro,
e há baratas no corredor.
Voltei.
Acendi a luz.
Olhei em volta.
Continuei.